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SÃO PAULO – No filme “O Lobo de Wall Street”, Leonardo DiCaprio interpreta um corretor da bolsa, Jordan Belfort, que ganhou os holofotes não propriamente pelo seu bom trabalho, mas sim, por desvirtuar e enganar diversos investidores. Mas Belfort não está sozinho neste caminho.
Dos golpes mais primitivos até os mais elaborados, muitos bancos, pessoas físicas e diversas instituições foram afetadas, normalmente pela ação de apenas uma pessoa, que se aproveita da credibilidade dos investidores para proveito próprio.
Com isso, o InfoMoney listou 10 dos maiores golpistas do mundo, que vão de nomes que ganhariam “notoriedade” recentemente, caso de Jerome Kerviel e Bernard Madoff, até casos mais antigos, como Carlo Ponzi, Robert Vesco e Victor Lustig.
1. Jerome Kerviel
Jerome Kerviel foi um operador francês acusado em um incidente que levou a uma grande perda do Société Générale em janeiro de 2008 e que resultou em perdas estimadas em cerca de € 6 bilhões em meio a operações não autorizadas, levando-o a um dos maiores golpes financeiros da história.
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O banco alegou que Kerviel tenha sido designado para arbitrar discrepâncias entre derivativos de ações e preços de ações à vista, mas teria começado a criar negociações fictícias no final de 2006 e começo de 2007. As transações envolveram valores pequenos, mas os negócios fictícios aumentaram em frequência e em tamanho, tomando “posições fraudulentas massivas, muito além da sua autoridade limitada”. Kerviel pode ter saído sem ganhar nada, mas as acusações não passaram em branco. O ex-operador do segundo maior banco francês foi formalmente acusado em 28 de janeiro de 2008 por abuso de confiança e acesso ilegal a computadores.
2. Bernard Madoff
Este talvez seja a fraude mais conhecida da história recente, assim como uma das mais surpreendentes. Na pirâmide de investimentos gerenciada por Madoff, era retirado dinheiro da empresa e depois encoberto com investimentos de novos clientes. A fraude – a maior da história da bolsa – foi descoberta em 2008, quando muitos investidores queriam resgatar seu dinheiro no auge da crise econômica, ficando conhecida como esquema Ponzi. A pirâmide alcançou perdas entre US$ 17,3 bilhões e US$ 65 bilhões.
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Em carta enviada da prisão, Madoff afirmou que grandes instituições como o JPMorgan, o Bank of New York Mellon, o HSBC e o Citigroup tinham acesso a informações que evidenciavam a farsa, afirmando que outros bancos também sabiam do esquema. De acordo com o ex-investidor, o objetivo de revelar estas informações é oferecer mais dados para as comissões governamentais competentes, na esperança de que sejam úteis para que haja maior regulamentação. O Comitê de serviços financeiros do Senado norte-americano não confirmou se recebeu estas informações de Madoff.
3. Nick Leeson
Nicholas Leeson ficou conhecido por ter quebrado, sozinho, o banco de investimentos inglês Barings, até então uma tradicional instituição financeira inglesa e o mais antigo do país. O operador apostou numa alta do índice da bolsa de Tóquio, que registrava baixa, especulou sobre o preço do petróleo e foi responsável por mais operações frustradas que resultaram em US$ 1,4 bilhão em perdas do banco.
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Condenado a seis anos de prisão, ele foi solto em 2007 e, atualmente, é CEO (Chief Executive Officer) do time futebol irlandês Galway United e se defende das acusações de que quebrou o banco em seu próprio site.
4. John Rusnak
John Rusnak foi acusado de ter perdido US$ 691 milhões com operações de câmbio quando trabalhava no Allied Irish Bank, o principal banco da Irlanda. Em 17 de janeiro de 2003, Rusnak recebeu uma sentença de sete anos e meio após assumir que havia elaborado a armação para cobrir as suas perdas nos anos 1990.
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Após a fraude, o AIB foi vendido em julho de 2003 para o M&T Bank of Buffalo, de Nova York. Embora muitos tenham atribuído à venda ao escândalo, o processo de fusão começou antes de serem reveladas as perdas. Com a integração das duas companhias, 1,1 mil funcionários foram dispensados.
5. Hassan Nemazee
Hassan Nemazee foi preso em 25 de agosto de 2009 após ser deflagrada uma fraude de US$ 74 milhões no Citigroup. E colocou, além do Citi, outros dois grandes bancos na berlinda, o Bank of America e HSBC, ao contrair US$ 292 milhões em empréstimos usados tanto para dar suporte ao seu estilo de vida quanto para fazer contribuições políticas – cabe ressaltar que Nemazee chegou a ser doador de campanhas democratas, como para a campanha de Bill Clinton à presidência.
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Sua companha, a Nemazee Capital, foi criada em 1987 e, segundo aponta o seu site, tinha investimentos nos setores de saúde, mídia, petróleo e gás, seguros, gestão de investimentos, tecnologia e comunicações, entre outros.
6. Kenneth Lay
Kenneth Lay foi um empresário norte-americano que ficou bem conhecido durante o escândalo financeiro da Enron Corporation, empresa que fundou e da qual foi CEO (Chief Executive Officer). Lay, que morreu em 2006 aos 64 anos de ataque cardíaco, e o ex-presidente da empresa, Jeffrey Skilling, foram declarados culpados em 25 de maio de 2005 por fraude e conspiração no que ficou conhecido até então como um sinônimo de fraude corporativa.
A ascensão da Enron começou no início dos anos 1990 com a decisão do governo norte-americano de liberar os mercados de eletricidade, fazendo com que a companhia tirasse proveito dos preços de energia. A companhia tinha laços bastante próximos com políticos importantes, como George H. Bush e seu filho, George W. Bush e, com um intenso lobby, sua estratégia parecia praticamente perfeita. Em 2000, ela já era a sétima maior empresa dos EUA. Contudo, a verdade era bem diferente. A companhia offshore amargava prejuízos, mas ninguém desconfiava de nada, em meio a uma série de fraudes contábeis que buscavam elevar cada vez mais o preço das ações e cuidar para que Lay fosse um dos executivos mais bem pagos dos EUA.
Quando o escândalo veio à tona, o resultado foi a mais cara falência da história dos EUA, com 4 mil pessoas perdendo seus trabalhos e investidores perdendo bilhões de dólares.
7 – Carlo Ponzi
O ítalo-americano foi praticamente o precursor do esquema de pirâmide, modelo de golpe que é replicado no mundo inteiro com uma certa frequência, mas que sempre encontra uma boa quantidade de vítimas. Carlos Ponzi nasceu em 1882 em Lugo e, após migrar para a América e ficar na prisão por três anos no Canadá, montou um esquema de pirâmide em 1920 que arrecadou aproximadamente US$ 20 milhões de investidores interessados em seu modelo de negócios. Com sua forte eloquência, Ponzi prometia basicamente lucros altos decorrentes da arbitragem com cupons postais de resposta intencionais.
Tudo ocorria bem, até que um analista financeiro chamado Clarence Barron denunciou o foi contatado para avaliar o esquema de Ponzi e destacou que o “empresário”, mesmo oferecendo um espetacular retorno do dinheiro investido, não investia com a sua própria empresa. Foi o começo de sua derrocada. Depois de ser deportado para a Itália, Ponzi emigrou novamente, desta vez para o Brasil, morrendo praticamente na miséria, mas ainda tentando dar pequenos golpes.
8 – Robert Vesco
Robert Vesco ficou conhecido por ser o “maior trapaceiro dos EUA”. Milionario aos 30 anos, ele se envolveu em muitos investimentos de alto risco e transações de crédito suspeitas, até fugir do país ao ser acusado pela SEC (Securities and Exchange Comission) de fraude. E o seu maior imbróglio começou quando a companhia suíça IOS (Investor Oversees Services) estava a ponto de quebrar e enfrentava problemas com os órgãos regulares.
Com isso, Vesco começou uma batalha prolongada para assumir o controle da empresa, em meio à oposição do então dono, Bernard Cornfeld. O golpista ofereceu aos acionistas resgatá-la ao negociar um pacote de empréstimo de US$ 5 milhões, foi eleito para o conselho de diretores e, em 1971, comprou a parte de Cornfeld por US$ 5,5 milhões. Aí que os problemas aumentaram: grande parte dos ativos da IOS começou a ser transferida para bancos e empresas de Vesco. Cornfeld foi preso na Suíça e Vesco foi acusado de desvio de milhões de dólares, fugiu para o Caribe com passagens por Costa Rica e Cuba, sempre se envolvendo em polêmicas e golpes.
9 – Dona Branca
Também é mais um caso do Esquema Ponzi, desta vez ocorrido em Portugal, na década de 1980. Maria Branca dos Santos, conhecida como “Dona Branca”, criou uma organização de empréstimos e investimentos ilegais que funcionava através de um esquema em pirâmide. Com as atividades iniciaram no final dos anos 70 e ganharam força no início dos 1980 levantando 17,5 bilhões de escudos, o que equivalia a US$ 130 milhões na época.
No início, Dona Branca era agiota, fazendo empréstimos sem burocracia e garantias, além de oferecer seu capital com juros muito mais atraentes que aqueles oferecidos pelos bancos. Com muitas pessoas deixando capital em seus cuidados, ela tinha capital pra emprestar, em uma época de crise em Portugal, emprestando dinheiro a juros altíssimos. Essa jogada foi crucial para ela honrar as dívidas com seus investidores e conseguir fama de ótima investidora. Contudo, em 1984 o esquema foi desmantelado pelas autoridades portuguesas, descobrindo-se que os recursos oferecidos por dona Branca vinham dos próprios “clientes” e não dos investimentos da senhora. Maria Branca dos Santos foi acusada e, aos 76 anos, condenada a dez anos de prisão, morrendo aos 90 anos, em 1992.
10 – Victor Lustig (enganou até Al Capone)
Victor Lustig ficou conhecido por vender a Torre Eiffel duas vezes e por enganar até mesmo o perigoso Al Capone. Lustig nasceu em 1890 na República Tcheca e passou praticamente toda a sua vida realizando golpes na Europa e Estados Unidos. Nos anos 1920, ele realizou o maior golpe de sua vida, ao “vender” o monumento francês fingindo ser uma importante autoridade governamental.
Lustig levou cinco homens até a torre e, enquanto anunciava a intenção do governo de desmontar a torre e vendê-la, dizendo-se autorizado a oferecer a eles a prioridade de compra das 6.350 toneladas de ferro, observou quem seria o mais suscetível ao golpe. O eleito foi André Poisson, que pagou um suborno para ter prioridade no contrato. Lustig fugiu para a Áustria e, envergonhado, Poisson não o denunciou, o que fez com que Lustig vendesse novamente a Torre Eiffel a outro empresário. E outros golpes compõem o seu extenso currículo, como a máquina de fazer dinheiro conhecida como “Caixa Romena”.
Por fim, no final da década de 1920, Lustig convenceu Al Capone, o homem mais perigoso do mundo na época, a investir US$ 50 mil em um negócio envolvendo ações. Porém, Victor fugiu com o dinheiro de Capone, mas voltou dois meses depois com a quantia – escondida o tempo todo – em mãos, lamentando-se que o negócio dera errado. Impressionado com a “honestidade” de Victor, o mafioso lhe deu um prêmio de US$ 5 mil, que era o objetivo do golpista desde o início.