Ação da fabricante de armas Taurus salta 400% em outubro de olho em crescimento de Bolsonaro

Corrida eleitoral deu novo fôlego para uma ação antes esquecida e desacreditada pelo mercado

Weruska Goeking

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SÃO PAULO – A fabricante de armas Forjas Taurus vê a sua ação ON (FJTA3) saltar quase 400% e o seu ativo PN (FJTA4) subir mais de 200% apenas no mês de outubro, impulsionada pelo crescimento de Jair Bolsonaro (PSL) nas pesquisas eleitorais, candidato que é amplamente favorável ao uso de armas de fogo. 

Sem nenhuma notícia nova ou mudança nos fundamentos da empresa, a corrida eleitoral deu novo fôlego para uma ação antes esquecida e desacreditada pelo mercado. 

Conforme destacou reportagem da Bloomberg desta sexta-feira, deputados alinhados com Bolsonaro já se articulam para votar a revisão do Estatuto do Desarmamento. A mudança principal é passar a permitir a posse de armas por qualquer cidadão, o que é proibido no Brasil.

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O projeto está pronto para ser votado no plenário da Câmara, depois de anos tramitando em comissões. O texto prevê o “direito de possuir e portar armas de fogo para legítima defesa ou proteção do próprio patrimônio”, reduz a idade mínima para a compra de armas de 25 para 21 anos, e as taxas pagas ao governo.

Apesar de o assunto ser polêmico, é relativamente fácil de ser aprovado, já que requer maioria simples de votos. Com a adesão suprapartidária a Bolsonaro entre os congressistas, ele teria apoios suficientes para mudar as regras.

Um “pequeno” detalhe e uma grande especulação
Só há um problema na interpretação do mercado de que Bolsonaro é positivo para a Forjas Taurus: o candidato do PSL já repetiu diversas vezes que, se eleito, vai “quebrar o monopólio da Taurus” no mercado de armas brasileiro. Ou seja, na verdade, a empresa sairia perdendo em caso de vitória de Bolsonaro.

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Seu filho, Eduardo Bolsonaro, também já se posicionou contra a empresa. Em postagem em seu perfil no Facebook datada de novembro de 2017, ele diz que “teria orgulho da Taurus se ela produzisse material de qualidade” e questiona o monopólio do setor: “não quero quebrar a Taurus, mas como fabricantes como Glock, CZ, Sig Sauer e outras têm competência para produzir armamento de qualidade no exterior mas não podem fabricar suas armas aqui no Brasil embora tenham tentado?”

Em reportagem do InfoMoney publicada em setembro, Tiago Reis, CEO e fundador da Suno Research, alertou que o movimento de alta da Forjas Taurus é puramente especulativo e que, “na grande maioria das vezes, de fato, não apresentam motivos racionais compreensíveis para se procederem”.

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Reis relembrou alguns dados do balanço do segundo trimestre da Forjas Taurus que sinalizam que a empresa não vive seu melhor momento nos fundamentos. O patrimônio líquido da companhia está negativo (mais passivos que ativos) em R$ 510 milhões, tornando, com isso, a relação dívida líquida/patrimônio líquido também negativa.

“Com esses dados, não é necessário se aprofundar em maiores detalhes sobre a sua saúde financeira para constatar que, de fato, se encontra bastante preocupante a situação da Forjas Taurus nesse momento”, avaliou Reis. 

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(Com Bloomberg)