A startup fundada por empreendedores de ‘segunda viagem’ que quer ensinar o caminho para os novatos

Kamino, que abre conta no exterior para fundadores acessarem recursos de fundos internacionais, lança calculadora de SOPs e simulador de Cap table

Mariana Amaro

Gonzalo Parejo da Kamino. foto: Andre Porto
Gonzalo Parejo da Kamino. foto: Andre Porto

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A maior dificuldade de uma startup brasileira que precisa se capitalizar é conseguir um investidor. A segunda maior é trazer o dinheiro para o Brasil. A premissa é de Gonzalo Parejo, fundador da Kamino,  e junto com os sócios, empreendedores de segunda (ou terceira) viagem. “O primeiro sucesso de um empreendedor que recebeu investimento interno é conseguir trazer o dinheiro para o país. Não existe atalho e não cumprir cada etapa tem um impacto negativo na capacidade de levantar uma próxima rodada. Se já não tiver uma estrutura preparada, os fundadores podem perder a janela além de ser um sinal negativo para quem assina o cheque”, diz Parejo.

Conhecendo bem os caminhos e as dificuldades de começar um negócio no Brasil, o time quer criar a infraestrutura para fundadores e diretores financeiros de empresas de crescimento. “Não existe uma trilha construída na América Latina para isso. Estamos construindo, de um lado, a parte de produtos, como cartões de crédito, estrutura de offshore para que a startup tenha acesso a investimentos internacionais e a transferência de recursos para o Brasil. Do outro, queremos ensinar quem vai precisar executar essas tarefas”, afirma Parejo.

A novidade foi o lançamento da Kamino Resource Hub, uma plataforma que reunirá manuais técnicos, como guia de manutenção de offshore, com as obrigações fiscais, contáveis e legais, e ferramentas como o Simulador de employee SOPs, uma calculadora para orientar o plano de stock options que muitas empresas em estágio inicial oferecem aos colaboradores como beneficio.”Todas as startups e scale-ups [empresas em um estágio mais avançado de desenvolvimento e crescimento] oferecem algum tipo de SOP em maior ou menor medida. Mas é um cálculo difícil de fazer porque há muitas variáveis, características e opções. Essa ‘calculadora’ ajuda o time financeiro a criar uma primeira visão”, diz. Parejo.

Outra funcionalidade é um Simulador de Cap table, termo que vem da abreviação de ‘capitalization table’, e representa o documento que lista quem são os acionistas de uma companhia e suas respectivas porcentagens na distribuição societária. O simulador pode ser usado antes e depois de rodadas de investimento para calcular a porcentagem de participação nas ações por investidor. “Levantar dinheiro pode ter um ‘custo’ alto demais para os fundadores, porque para se capitalizar, você precisa entregar uma parte da empresa. É uma conta delicada: se você entrega demais, está se diluindo e reduzindo o percentual para os funcionários. É um momento determinante para as empresas”, afirma.

Fundada em novembro de 2021, a Kamino captou US$ 6,1 milhões (cerca de R$ 32 milhões) em uma rodada pré-seed em março e está, agora, com 110 clientes entre ‘early-stages’, as empresas que estão começando suas operações, e as scale-ups, entre eles, a Latú Seguros, que recebeu US$ 6,7 milhões para revolucionar o mercado de seguros no Brasil. Em sua última rodada, os clientes da Kamino levantaram, juntos US$ 300 milhões e cerca de 70% desse valor é usado para despesas com funcionários. “Estamos focados nos 15% a 20% que são gastos com o cartão e representam o poder de gastos que os clientes têm comigo. O objetivo é ajudar numa gestão eficaz desses valores”, diz Parejo.

Parte dessa estratégia fica com o time que atende e tira as dúvidas dos clientes: quem toca essa área são ex-fundadores de startups e advogados. “São pessoas que já passaram por aquelas mesmas dúvidas e problemas”, explica.

Mariana Amaro

Editora de Negócios do InfoMoney e apresentadora do podcast Do Zero ao Topo. Cobre negócios e inovação.