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Masayoshi Son tem um novo recado para os executivos do SoftBank: desacelerem os investimentos em tecnologia. O conglomerado japonês de telecomunicações fundado por Son tem alguns dos maiores fundos de investimento em negócios escaláveis, inovadores e tecnológicos – como o Vision Fund, de US$ 100 bilhões. O objetivo do empresário é reconstruir o caixa do conglomerado após uma queda generalizada nas cotações de empresas de tecnologia, segundo o Financial Times.
Son teria feito a recomendação para as lideranças do SoftBank durante uma reunião recente. Taxas de juros globais em alta, tensões entre Rússia e Ucrânia e as restrições regulatórias à tecnologia no mercado americano e chinês jogam contra as ações do setor – e contra os ativos detidos pelo conglomerado. O SoftBank tem participação em negócios como a americana WeWork e as chinesas Alibaba e Didi Chuxing.
De acordo com o jornal britânico, a desvalorização de ativos do SoftBank chegou a US$ 30 bilhões no último trimestre. A razão entre dívida líquida e valor dos ativos saltou de 10% para 22% desde o meio de 2020. O SoftBank usa suas participações em companhias como garantias de investimento, e alguns analistas ouvidos pelo Financial Times demonstram preocupação com essa grande procura por mais capital. Outros analistas destacam que o conglomerado tem US$ 23 bilhões em caixa para passar pela tempestade da desvalorização das techs.
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As ações do SoftBank caíram mais de 40% em 2021, ainda que tenha se destacado em um ano quente para o investimento em startups: apenas o conglomerado japonês realizou 195 investimentos privados no último ano, segundo a base de dados CB Insights.
Como ficam os investimentos no Brasil?
O SoftBank está por trás de boa parte dos unicórnios, startups com avaliações de mercado bilionárias, do Brasil. O SoftBank Latin America Fund, fundo dedicado a investir em startups na América Latina, foi criado em 2019 e se tornou o maior fundo de venture capital para a região, com um total captado de US$ 8 bilhões em duas rodadas. Entre as 80 companhias investidas, estão os unicórnios Creditas, Gympass, Loggi, Loft, Quinto Andar e VTEX.
O Do Zero Ao Topo, marca de empreendedorismo do InfoMoney, ouviu recentemente cinco gestores brasileiros que acompanham de perto o mercado de venture capital. A região deverá continuar importante para o SoftBank no curto prazo, segundo esses gestores. A taxa interna de retorno (TIR) do SoftBank Latin America Fund foi de 103% em moeda local e 85% em dólares entre 2019 e junho de 2021.
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“Foi o bom resultado do primeiro fundo levou ao segundo fundo, de US$ 3 bilhões. O ritmo de investimentos continuou agressivo nos últimos meses. Não vejo uma tendência de freio. O Masayoshi Son tem a América Latina como região prioritária e inclusive colocou dinheiro do próprio bolso no fundo para a região”, disse um deles.
“A América Latina tem um peso maior para o SoftBank do que outros fundos. Enquanto outras regiões costumam representar cerca de 5% dos investimentos internacionais, a América Latina já deve estar na casa dos dois dígitos”, afirmou outro gestor. “Não vemos uma mudança radical na estratégia do SoftBank em relação à América Latina. Prepondera o movimento oposto: o SoftBank está cada vez mais presente em processamento de deal flow [fluxo de negociações], inclusive no early stage [startups em estágio inicial]”, completou mais um investidor.