Trump assina decreto sobre canudos de plástico: “Não acho que afete muito um tubarão”

Trump também rescindiu uma política do governo Biden para acabar com o uso de todos os produtos plásticos de uso único em terras federais até 2032

Reuters

Canudos de plástico em loja em Nice, na França
22/11/2018 REUTERS/Eric Gaillard
Canudos de plástico em loja em Nice, na França 22/11/2018 REUTERS/Eric Gaillard

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O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, assinou na segunda-feira (10) um decreto com o objetivo de incentivar o governo dos EUA e os consumidores a comprarem canudos de plástico, fazendo retroceder os esforços de seu antecessor para eliminar gradualmente os plásticos de uso único e combater o desperdício.

“Estamos voltando aos canudos de plástico”, disse Trump aos repórteres na Casa Branca ao assinar o decreto, afirmando que os canudos de papel “não funcionam”.

“Não acho que o plástico vá afetar muito um tubarão, já que ele está mastigando seu caminho pelo oceano”, disse Trump.

O antecessor democrata de Trump, o presidente Joe Biden, propôs medidas ambientais para reduzir o consumo de plásticos de uso único não biodegradáveis, que danificam os ecossistemas e contaminam os suprimentos de alimentos. Seu governo também apoiou um tratado global com o objetivo de limitar a produção de plástico.

O decreto de segunda-feira foi parte de um enfraquecimento mais amplo dos compromissos ambientais de Trump, que em um dos primeiros atos de seu segundo mandato retirou os Estados Unidos do acordo climático de Paris pela segunda vez.

Trump também rescindiu uma política do governo Biden para acabar com o uso de todos os produtos plásticos de uso único em terras federais até 2032.

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Dezenas de países impuseram proibições a vários tipos de plásticos de uso único, produzidos principalmente por petroquímicas e usados para fabricar sacolas de compras, garrafas e outros itens descartáveis.

Se nenhum novo controle for introduzido, a quantidade de resíduos plásticos despejados no meio ambiente deverá aumentar de 81 milhões de toneladas métricas em 2020 para 119 milhões de toneladas em 2040, de acordo com pesquisa da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) publicada no ano passado.

As negociações sobre um tratado global para controlar a poluição plástica foram interrompidas no ano passado, com as principais nações produtoras de plástico relutantes em se comprometer com limites de produção obrigatórios.

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As negociações devem ser retomadas este ano, mas Aleksandar Rankovic, diretor da Common Initiative, um grupo de reflexão ambiental, disse que não ficaria surpreso se Washington desistisse das negociações.

“Com a postura favorável ao petróleo e ao gás do novo governo, é de se esperar que os EUA se unam a países como a Rússia e a Arábia Saudita e se oponham à adoção de metas globais para reduzir a produção de plástico”, disse ele.