Somente cessar-fogo em Gaza pode adiar resposta do Irã a Israel, dizem fontes

Irã e Hezbollah lançariam um ataque se as negociações em Gaza fracassassem ou se percebessem atrasos intencionais por parte de Israel, disse uma das fontes

Reuters

Ataque israelense em Nuseirat, no centro de Gaza - 17/7/2024 (Foto: Ramadan Abed/Reuters)
Ataque israelense em Nuseirat, no centro de Gaza - 17/7/2024 (Foto: Ramadan Abed/Reuters)

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Somente um acordo de cessar-fogo em Gaza, resultante das esperadas negociações desta semana, impediria o Irã de retaliar diretamente Israel pelo assassinato do líder do Hamas, Ismail Haniyeh, em seu território, segundo três autoridades iranianas de alto escalão.

O Irã prometeu uma resposta severa ao assassinato de Haniyeh, que ocorreu quando ele visitava Teerã no final do mês passado e que foi atribuído a Israel. Israel não confirmou nem negou seu envolvimento. A Marinha dos Estados Unidos enviou navios de guerra e um submarino ao Oriente Médio para reforçar as defesas israelenses.

Uma das fontes, uma autoridade sênior de segurança iraniana, disse que o Irã, juntamente com aliados como o Hezbollah, lançaria um ataque direto se as negociações em Gaza fracassassem ou se percebesse que Israel está arrastando as negociações. As fontes não informaram quanto tempo o Irã permitiria que as negociações avançassem antes de responder.

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Com o aumento do risco de uma guerra mais ampla no Oriente Médio após os assassinatos de Haniyeh e do comandante do Hezbollah Fuad Shukr, o Irã esteve envolvido em um intenso diálogo com os países ocidentais e com os Estados Unidos nos últimos dias sobre formas de calibrar a retaliação, disseram as fontes, que falaram sob condição de anonimato devido à sensibilidade do assunto.

Em comentários publicados na terça-feira (13), o embaixador dos EUA na Turquia confirmou que Washington estava pedindo aos aliados que ajudassem a convencer o Irã a diminuir as tensões. Três fontes do governo regional descreveram conversas com Teerã para evitar uma escalada antes das negociações de cessar-fogo em Gaza, que devem começar na quinta-feira no Egito ou no Catar.

“Esperamos que nossa resposta seja programada e executada de uma forma que não prejudique um possível cessar-fogo”, afirmou a missão do Irã na ONU na sexta-feira em um comunicado. Nesta terça-feira, o Ministério das Relações Exteriores do Irã disse que os apelos para que haja moderação “contradizem os princípios do direito internacional”.

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O Ministério das Relações Exteriores do Irã e seu Corpo de Guarda Revolucionária não responderam imediatamente às perguntas para esta matéria. O gabinete do primeiro-ministro israelense e o Departamento de Estado dos EUA não responderam às perguntas.

“Algo pode acontecer já nesta semana pelo Irã e seus representantes… Essa é uma avaliação dos EUA e também de Israel”, disse o porta-voz da Casa Branca, John Kirby, aos repórteres na segunda-feira.

“Se algo acontecer nesta semana, o momento em que isso ocorrer poderá certamente ter um impacto sobre as negociações que pretendemos realizar na quinta-feira”, acrescentou. No fim de semana, o Hamas lançou dúvidas sobre a possibilidade de as negociações irem adiante. Israel e o Hamas realizaram várias rodadas de negociações nos últimos meses sem chegar a um acordo final sobre cessar-fogo.

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Em Israel, muitos observadores acreditam que uma resposta é iminente depois que o líder supremo, o aiatolá Ali Khamenei, disse que o Irã “puniria duramente” Israel pelo ataque em Teerã.

A política regional do Irã é definida pela elite da Guarda Revolucionária, que responde apenas a Khamenei, a autoridade máxima do país. O novo presidente relativamente moderado do Irã, Masoud Pezeshkian, reafirmou várias vezes a posição anti-Israel do Irã e seu apoio aos movimentos de resistência em toda a região desde que assumiu o cargo no mês passado.

Meir Litvak, pesquisador sênior do Centro de Aliança para Estudos Iranianos da Universidade de Tel Aviv, disse que achava que o Irã colocaria suas necessidades antes de ajudar seu aliado Hamas, mas que o Irã também quer evitar uma guerra em grande escala.

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“Os iranianos nunca subordinaram suas estratégias e políticas às necessidades de seus representantes ou protegidos”, declarou Litvak. “Um ataque é provável e quase inevitável, mas não sei a escala e o momento.”

O analista Saeed Laylaz, baseado no Irã, disse que os líderes da República Islâmica estavam agora interessados em trabalhar para um cessar-fogo em Gaza, “para obter incentivos, evitar uma guerra total e fortalecer sua posição na região”.