Soldados norte-coreanos capturados na Ucrânia dão raros detalhes de aliança com Putin

Coreia do Norte tem se beneficiado da guerra para treinar os seus soldados e receber do governo russo torpedos e tecnologia para a fabricação de drones

Estadão Conteúdo

Membros militares prestam homenagem durante uma demonstração militar envolvendo unidades de tanques, guiados pelo líder norte-coreano Kim Jong Un (não retratado), na Coreia do Norte, em 13 de março de 2024, nesta imagem divulgada em 14 de março de 2024, pela Agência Central de Notícias da Coreia. KCNA via REUTERS
Membros militares prestam homenagem durante uma demonstração militar envolvendo unidades de tanques, guiados pelo líder norte-coreano Kim Jong Un (não retratado), na Coreia do Norte, em 13 de março de 2024, nesta imagem divulgada em 14 de março de 2024, pela Agência Central de Notícias da Coreia. KCNA via REUTERS

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A captura de dois soldados norte-coreanos que lutam ao lado dos russos na guerra contra a Ucrânia revelou detalhes importantes de como os homens de Kim Jong-un encaram um confronto armado, como estão usando o conflito para melhorar sua capacidade de combate e as vantagens obtidas por Pyongyang em sua aliança com Moscou.

Envolvida no conflito entre Rússia e Ucrânia, a Coreia do Norte tem se beneficiado da guerra para treinar os seus soldados e receber do governo russo torpedos e tecnologia para a fabricação de drones, informou uma reportagem publicada pelo jornal The Guardian no sábado (18).

Em 11 de janeiro, o presidente da Ucrânia, Volodmir Zelenski, afirmou que dois soldados da Coreia do Norte foram capturados. Foi a primeira detenção de combatentes norte-coreanos confirmada desde que Kim Jong-un passou a enviar tropas para apoiar Vladimir Putin na guerra.

De acordo com o The Guardian, 12 mil soldados da Coreia do Norte se juntaram à Rússia. Os combatentes recebem uniformes, rifles e documentos militares e nomes falsos. Os norte-coreanos foram registrados como tendo nascido na região de Tuva, que abriga uma população de aparência asiática na Sibéria.

Os dois norte-coreanos encontrados feridos foram levados para Kiev para serem interrogados pela agência de inteligência da Ucrânia e da Coreia do Sul.

Segundo o Guardian, um dos capturados é o sargento Lee Jong-nam, de 25 anos. Ele ingressou no Exército em 2016 de Pyongyang e fez a sua primeira missão de combate no conflito em 8 de janeiro. Foi ferido na mandíbula.

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O segundo capturado não foi identificado, mas o presidente da Ucrânia compartilhou imagens do soldado no hospital. Ainda de acordo com o líder ucraniano, os soldados não sabiam que estavam participando da guerra e foram criados “em um vácuo de informação”. Um general ucraniano que assistiu ao conteúdo de propaganda de um iPad norte-coreano disse que “quem o assiste pensa que a Coreia do Norte é o melhor país do mundo.”

Zelenski também disse que os soldados da Coreia do Norte estão sendo utilizados para prolongar a guerra.

A captura dos dois norte-coreanos também ajuda Zelenski a reformar um discurso de que a guerra não apenas contra a Rússia, mas contra vários estados autoritários, como China, Irã e Coreia do Norte.

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O oficial Vitalii Ovcharenko, que luta desde o início do conflito, afirmou que a captura dos norte-coreanos criou um clima de curiosidade entre os combatentes, com pedidos de selfies dos soldados ucranianos, segundo o Guardian.

No conflito com a Ucrânia, o chefe-adjunto do departamento de Inteligência da Ucrânia, Vadim Skibitski, já disse que os norte-coreanos são motivados, mesmo com as baixas no conflito, e que preferem se explodir para evitar a captura. Segundo a inteligência da Coreia do Sul, já são 300 mortos e 2,7 mil feridos nos combates na Europa.