Rússia condena discurso “irresponsável” sobre fornecer armas nucleares à Ucrânia

A Ucrânia herdou as armas nucleares da União Soviética após seu colapso em 1991, mas abriu mão delas em um acordo de 1994, em troca de garantias de segurança

Reuters

O porta-voz do Kremlin Dmitry Peskov em São Petersburgo - 5/6/2024 (Foto: Sputnik/Vladimir Astapkovich/Pool via Reuters)
O porta-voz do Kremlin Dmitry Peskov em São Petersburgo - 5/6/2024 (Foto: Sputnik/Vladimir Astapkovich/Pool via Reuters)

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MOSCOU (Reuters) – A discussão no Ocidente sobre armar a Ucrânia com armas nucleares é “absolutamente irresponsável”, disse o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, nesta terça-feira (26), em resposta a uma reportagem do New York Times citando autoridades não identificadas que sugeriram essa possibilidade.

O New York Times noticiou na semana passada que algumas autoridades ocidentais não identificadas sugeriram que o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, poderia dar à Ucrânia armas nucleares antes de deixar o cargo.

“Várias autoridades até sugeriram que Biden poderia devolver à Ucrânia as armas nucleares que lhe foram tiradas após a queda da União Soviética. Isso seria um elemento dissuasório instantâneo e enorme. Mas tal medida seria complicada e teria sérias implicações”, escreveu o jornal.

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Questionado sobre a reportagem, Peskov disse aos repórteres: “Esses são argumentos absolutamente irresponsáveis de pessoas que têm uma compreensão ruim da realidade e que não se sentem nem um pouco responsáveis ao fazer tais declarações. Também observamos que todas essas declarações são anônimas”.

Anteriormente, Dmitry Medvedev, uma autoridade graduada de segurança da Rússia disse que se o Ocidente fornecer armas nucleares para a Ucrânia, Moscou pode considerar essa transferência como equivalente a um ataque à Rússia, fornecendo motivos para uma resposta nuclear.

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A Ucrânia herdou as armas nucleares da União Soviética após seu colapso em 1991, mas abriu mão delas em um acordo de 1994, o Memorando de Budapeste, em troca de garantias de segurança da Rússia, dos Estados Unidos e do Reino Unido.

O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, disse no mês passado que, como a Ucrânia havia entregado as armas nucleares, a adesão à aliança militar ocidental Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) é a única maneira de deter a Rússia.

A guerra Rússia-Ucrânia, que já dura 33 meses, sofreu uma escalada de ambos os lados na semana passada, depois que a Ucrânia disparou mísseis norte-americanos e britânicos contra a Rússia pela primeira vez, com permissão do Ocidente, e Moscou respondeu lançando um novo míssil hipersônico de alcance intermediário contra a Ucrânia.

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Questionado sobre o risco de uma escalada nuclear, Peskov disse que o Ocidente deve “ouvir atentamente” Putin e ler a doutrina nuclear russa recentemente atualizada, que reduziu o limite para o uso de armas nucleares.

Separadamente, o chefe da inteligência estrangeira russa, Sergei Naryshkin, disse que Moscou se opõe ao simples congelamento do conflito na Ucrânia porque precisa de uma “paz sólida e de longo prazo” que resolva os principais motivos da crise.

(Reportagem de Dmitry Antonov)