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A Rússia começa nesta sexta-feira (15) a colher os votos para sua eleição presidencial, num processo que deve se alongar até o domingo (17). Apesar de formalmente haver uma disputa, na verdade o pleito serve como um referendo para manter o presidente Vladimir Putin mais seis anos no poder.
Com uma retórica nacionalista que encontra forte respaldo da maioria da sociedade, uma economia que sofreu menos do que se esperava durante a guerra na Ucrânia, um rígido controle da mídia e uma perseguição implacável contra qualquer voz dissonante da sua, Putin está no auge de sua popularidade.
A última pesquisa feita pelo instituto independente Levada Center mostrou Putin com índice de aprovação de 86%, só perdendo para indicadores alcançados por ele mesmo em 2015. Só para termos de comparação, em fevereiro de 2022, quando ele ordenou a invasão da Ucrânia, sua aprovação estava mais baixa, em 71%
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Caso ele permaneça todo o tempo do novo mandato até o fim, em 2030, terá ficado mais tempo no poder – como presidente ou primeiro-ministro – até que o ditador comunista Josef Stalin. E pelas regras eleitorais, que Putin costuma modificar, ele ainda teria oportunidade de concorrer ainda a mais um mandato.
Aparências
Para dar alguma aparência de legitimidade, três candidatos foram autorizados a lançaram seus nomes para disputar contra Putin, todos com ligações com o Kremlin.
Nikolai Kharitonov, do Partido Comunista, já disputou a eleição de 2004 e teve apenas 13% dos votos. Já o nacionalista Leonid Slutsky, Partido Liberal Democrático, pediu recentemente a execução de prisioneiros de guerra ucranianos. E Vladislav Davankov, Partido Novo Povo, é um político mais conhecido por atacar os direitos de pessoas LGBT, especialmente as transgênero.
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Para o historiador Timothy Garton Ash, que colunista do jornal britânico The Guardian, escreveu que ninguém deve esperar recuos na política externa de Putin após sua nova eleição.
“Ao contrário dos governos ocidentais, seu regime está política e economicamente comprometido em continuar esta guerra, com até 40% de seu orçamento dedicado a gastos militares, inteligência, desinformação e segurança interna. E uma economia de guerra que não pode ser facilmente mudada de volta ao modo de tempos de paz”, afirmou.
Já Bryn Rosenfeld, professor da Universidade Cornell, um especialista em política pós-comunista, afirmou à AP que a eleição presidencial da Rússia não é tão importante quanto o que virá depois.
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“Putin muitas vezes adiou movimentos impopulares para depois das eleições. Provavelmente, o movimento mais impopular que ele poderia fazer em casa seria ordenar uma segunda mobilização militar para lutar na Ucrânia”, afirmou.