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Apesar da má fama que a residência oficial do primeiro-ministro do Japão é assombrada por fantasmas, Shigeru Ishiba, o novo titular do posto – após a renúncia de Fumio Kishida — afirmou nesta sexta-feira que está disposto a morar no local tão logo os atuais trabalhos de reforma e reparação fiquem prontos. “Não tenho medo”, disse Ishiba, durante coletiva de imprensa para comentar o Orçamento de 2025.
Originalmente construída em 1929, a mansão de pedra e tijolo de dois andares e 5.183 metros quadrados foi inicialmente construída como o gabinete do primeiro-ministro. Com design Art déco, simbolizou a transição do Japão para o modernismo no início do século 20, com estilo arquitetônico inspirado no Imperial Hotel, projetado pelo arquiteto americano Frank Lloyd Wright.
Mas o edifício foi palco de vários eventos tumultuados na história política japonesa. Em 1932, o então primeiro-ministro Tsuyoshi Inukai foi assassinado no prédio por jovens oficiais da marinha, durante uma tentativa de golpe de Estado. O episódio foi uma virada sombria na trajetória política do Japão em direção ao militarismo.
Quatro anos depois, outro levante militar ocorreu no local. O então primeiro-ministro Keisuke Okada escapou por pouco do assassinato ,se escondendo em um armário, embora cinco pessoas tenham sido mortas a tiros durante a rebelião. Um buraco de bala acima de uma das portas de entrada permanece como um lembrete desses eventos.
A mulher do ex-primeiro-ministro Tsutomu Hata afirmou, em memórias publicadas em 1996, que sentia uma presença assustadora e opressiva enquanto morou lá. “Dizem que oficiais militares ficam em pé no jardim no meio da noite”, afirmou Yasuko Hata ao jornal Asahi Shimbun.
Após décadas de desgaste, o prédio passou por reformas, concluídas em 2005. Na ocasião, foram preservadas as esculturas de coruja de pedra que montam guarda do lado de fora do prédio.
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Antes que as reformas fossem concluídas, um exorcismo por um sacerdote xintoísta teria sido realizado para limpar o prédio de quaisquer espíritos remanescentes.
A mansão vinha sendo usada como residência dos primeiros-ministros deste então. Mas um atraso na mudança do ex-primeiro-ministro Shinzo Abe para o edifício, em 2013, gerou especulações sobre o motivo, que levaram o governo a negar ter conhecimento sobre as assombrações.
Yoshiro Mori, outro ex-primeiro-ministro, teria dito a Abe que havia encontrado fantasmas na residência. Apesar desses relatos, funcionários do governo rejeitaram repetidamente os rumores.
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Abe decidiu não morar lá, assim como seu sucessor, Yoshihide Suga. Quando Kishida se mudou para o local, em dezembro de 2021, foi questionado sobre os fantasmas, mas respondeu que não tinha visto nenhum e dormia bem a noite toda.
Já Ishiba disse hoje aos jornalistas que “deve ser assustador realmente ver algo, mas não é uma coisa que me preocupe”.
(Com Reuters)