Regime de Maduro recebe críticas internacionais por exílio forçado de opositor

Estados Unidos, União Europeia, OEA e vários países latino-americanos condenaram a repressão à oposição na Venezuela; María Corina Machado disse que continuará a luta dentro do país

Roberto de Lira

Protestos em Caracas após as eleições venezuelanas (Foto: Leonardo Fernandez Viloria/Reuters)
Protestos em Caracas após as eleições venezuelanas (Foto: Leonardo Fernandez Viloria/Reuters)

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A repercussão internacional do exílio forçado do ex-candidato à presidência da Venezuela  Edmundo González Urrutia na Espanha neste final de semana foi amplamente negativa para o regime do presidente Nicolás Maduro. Estados Unidos, União Europeia e diversos países latino-americanos publicaram notas oficiais criticando a repressão à oposição no país.

Os Estados Unidos culparam neste domingo a saída de Edmundo González às “medidas antidemocráticas” de Maduro. Em nota, o secretário de Estado, Antony Blinken, disse que a saída de González resultado direto das medidas antidemocráticas que Nicolás Maduro desencadeou desde as eleições contra o povo venezuelano, inclusive contra González Urrutia e outros líderes da oposição”.

No comunicado, o governo dos EUA elogia González como “uma voz indiscutível pela paz e mudança democrática na Venezuela” e reitera seu apoio a ele para continuar “a luta pela liberdade e a restauração da democracia”.

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Já Josep Borrel, chefe da diplomacia europeia, lamentou o exílio forçado do líder da oposição venezuelana e descreveu a data como um “dia triste para a democracia”. “A União Europeia exige o fim da repressão e a libertação de todos os presos políticos. Apoiamos o povo venezuelano em sua aspiração democrática”, disse o diplomata em comunicado oficial.

Para a Organização dos Estados Americanos (OEA), o “exílio forçado” de Edmundo González Urrutia é “condenável e repudiável”. Além disso, a entidade comentou que seria ridículo esperar justiça dos diferentes atores do sistema venezuelano. “Portanto, Edmundo González fez apenas o que era apropriado nesta ocasião, a Venezuela definitivamente não precisa de mais um preso político, nem de mais um único torturado, não precisa de mais uma vítima de violações sistemáticas dos direitos humanos”.

Vário países também se manifestaram. O Equador expressou sua preocupação com o viés autoritário do regime venezuelano, que classificou como “ilegítimo”. Segundo comunicado emitido por meio dos canais oficiais do Ministério das Relações Exteriores do país, Nicolás Maduro “quer se perpetuar no poder contra a vontade majoritária expressa pelo povo venezuelano nas urnas em 28 de julho”.

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O Ministério das Relações Exteriores também pediu à comunidade internacional que monitore a situação na Venezuela e responsabilize o regime daquele país por “qualquer ataque que os líderes políticos da oposição possam sofrer”. Também exigiu a libertação “imediata e incondicional” dos cidadãos venezuelanos que foram detidos “arbitrariamente”.

Por sua vez, o Ministério das Relações Exteriores da Costa Rica lamentou a “perseguição política” das autoridades venezuelanas contra o líder da oposição e disse que as ameaças contra a vida de González e contra sua liberdade “nada mais são do que uma continuação das múltiplas violações dos direitos humanos e das liberdades fundamentais que os venezuelanos sofrem constante e sistematicamente”.

“A Costa Rica continuará comprometida com a defesa dos direitos do povo irmão venezuelano”, diz  nota oficial da diplomacia do país.

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O governo do Chile disse “rejeitar categoricamente a perseguição, o assédio e a violência política a que [González] foi submetido, obrigando-o a deixar seu país diante de condições que colocam em risco sua segurança”.

Além disso, o comunicado da diplomacia chilena retomou sua posição de apontar Maduro como um ditador que viola os direitos de seus críticos. “O governo do Chile condena qualquer forma de repressão contra os opositores do regime ditatorial na Venezuela e reitera o apelo ao respeito aos direitos humanos, às liberdades fundamentais e à integridade física de todos os venezuelanos.”

María Corina Machado, líder da oposição venezuelana, que já avisou que continuará sua luta dentro da Venezuela, afirmou que González Urrutia teve que deixar o país devido a uma “onda brutal de repressão” desencadeada pelo chavismo, mas ela afirmou ter a esperança de que ele voltará para ser empossado presidente em 10 de janeiro de 2025.

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Enquanto isso, ressaltou, “Edmundo lutará de fora com nossa diáspora e eu continuarei a fazê-lo aqui, com vocês”.