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A Rússia está aberta a discutir uma trégua temporária na Ucrânia, desde que haja avanços em direção a um acordo de paz definitivo, segundo fontes familiarizadas com o assunto em Moscou.
Em um primeiro sinal de resposta positiva do presidente Vladimir Putin ao pedido de cessar-fogo feito pelo presidente dos EUA, Donald Trump, a proposta foi transmitida durante as negociações realizadas no mês passado na Arábia Saudita entre altos funcionários russos e americanos, disseram as fontes, que pediram anonimato ao discutir políticas internas.
Para que um cessar-fogo seja acordado, seria necessário um entendimento claro sobre os princípios estruturais do acordo de paz final, afirmaram duas pessoas com conhecimento do assunto. A Rússia insistirá, em particular, no estabelecimento dos parâmetros de uma eventual missão de manutenção da paz, incluindo um acordo sobre quais países participariam, disse outra pessoa familiarizada com a questão.
Os detalhes surgiram enquanto os EUA e a Ucrânia planejam se reunir na Arábia Saudita na próxima semana para suas primeiras conversas diretas desde o confronto entre Trump e o presidente Volodymyr Zelensky no Salão Oval na semana passada. O enviado especial dos EUA, Steve Witkoff, afirmou que o objetivo do encontro é alcançar “um quadro para um acordo de paz e um cessar-fogo inicial”.
O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, não respondeu imediatamente a um pedido de comentário.
A Rússia declarou que não aceitará a presença de tropas da OTAN em solo ucraniano, rejeitando uma proposta de países europeus para formar uma “coalizão de dispostos” para monitorar qualquer acordo de paz. No entanto, não se opõe à presença de países como a China, que têm se mantido neutros no conflito, enviando forças para a Ucrânia, disseram duas pessoas.
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Desde sua posse em 20 de janeiro, Trump reverteu a política dos EUA em relação à invasão russa da Ucrânia, buscando encerrar rapidamente a guerra de três anos, o pior conflito da Europa em 80 anos.
Ele realizou conversas telefônicas com Putin no mês passado, e ambos concordaram em realizar uma cúpula, embora nenhuma data tenha sido definida. Trump abandonou o apoio dos EUA à eventual entrada da Ucrânia na OTAN, e seus principais assessores afirmaram que é irrealista esperar o retorno de todo o território ucraniano tomado pela Rússia desde 2014.
Após o confronto com Zelensky na Casa Branca, Trump suspendeu a ajuda militar à Ucrânia e interrompeu parte do compartilhamento de inteligência com Kyiv, chocando aliados europeus que afirmam que os EUA correm o risco de recompensar a agressão russa iniciada com a invasão de fevereiro de 2022.
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Putin tem repetidamente rejeitado a tentativa de Trump de encerrar rapidamente a guerra. Durante sua coletiva de imprensa anual em dezembro, ele afirmou: “Não precisamos de uma trégua — precisamos de paz: duradoura, de longo prazo, com garantias para a Federação Russa e seus cidadãos.”
Na quinta-feira, a Rússia rejeitou um plano franco-britânico para uma trégua parcial de um mês, que incluiria operações aéreas e marítimas, além de uma suspensão de ataques a infraestruturas energéticas.