Putin desafia Ocidente para “duelo de mísseis” e reafirma doutrina nuclear

O presidente russo comentou o novo míssil Oreshnik e reforçou que mudanças em sua doutrina nuclear são uma resposta a ameaças externas

Equipe InfoMoney

O presidente da Rússia, Vladimir Putin, fala durante sua coletiva de imprensa anual de fim de ano e telefonema, em Moscou, Rússia, em 19 de dezembro de 2024. REUTERS/Maxim Shemetov
O presidente da Rússia, Vladimir Putin, fala durante sua coletiva de imprensa anual de fim de ano e telefonema, em Moscou, Rússia, em 19 de dezembro de 2024. REUTERS/Maxim Shemetov

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Em entrevista coletiva anual realizada na manhã desta quinta-feira (19), em Moscou, o presidente russo Vladimir Putin lançou um desafio ao Ocidente em relação ao novo míssil de defesa Oreshnik, recentemente implementado pelas forças russas. Putin também abordou as mudanças recentes na doutrina nuclear do país, destacando a possibilidade de uso de armas nucleares contra estados não nucleares apoiados por potências nucleares.

Durante a coletiva, Putin respondeu às dúvidas ocidentais sobre as capacidades do sistema de defesa Oreshnik. “É uma arma moderna, muito nova. Vamos realizar um experimento, um tipo de duelo de alta tecnologia. Que eles [o Ocidente] escolham um alvo em Kiev, concentrem sua defesa aérea, e então disparemos o Oreshnik para ver se ele atinge o alvo. Não há chance de interceptá-lo”, declarou.

O Oreshnik, que será produzido em série “em breve”, segundo o Kremlin, foi usado pela primeira vez no final do mês passado para atingir a cidade de Dnipro, em resposta ao uso de mísseis de longo alcance fornecidos por França, Estados Unidos e Reino Unido pela Ucrânia.

Putin também reforçou a posição da Rússia quanto ao uso de armas nucleares. Respondendo sobre as mudanças na doutrina nuclear russa, o presidente afirmou: “Se estados representarem uma ameaça para nós, reservamos o direito de usar nossas armas nucleares contra eles”. Ele ainda acrescentou que as mudanças foram feitas para enfrentar ameaças conjuntas de estados não nucleares apoiados por potências nucleares.

A doutrina reformulada, anunciada no mês passado, estipula que ataques por países não nucleares, mas apoiados por nações com armamento nuclear, serão tratados como uma agressão conjunta.

Assassinato de general

O assassinato pela Ucrânia do chefe da unidade de armas químicas, radiológicas e biológicas da Rússia, Tenente-General Igor Kirillov, “mostra a natureza do regime de Kiev, que também mata pessoas na região de Kursk”, disse Putin.

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A figura militar mais graduada da Rússia, Kirillov, foi morto por uma bomba plantada pela Ucrânia em um patinete em Moscou nesta semana. “A Rússia está pronta para negociações com a Ucrânia, mas a Ucrânia não está pronta”, disse Putin.

Putin afirmou ainda que a situação na Ucrânia está “mudando dramaticamente”. Segundo ele, as forças russas estão progredindo em todas as frentes, conquistando territórios significativos diariamente. “Há movimento ao longo de toda a linha de frente. Todos os dias”, disse, enfatizando que os objetivos primários da Rússia estão sendo alcançados.

Relação com Trump

Quando questionado sobre negociações futuras com o presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, Putin afirmou estar preparado, mas foi enfático ao rejeitar qualquer insinuação de fraqueza por parte de Moscou. “Nossa capacidade de defesa é a mais alta do mundo, assim como nossa indústria militar. A Rússia está mais forte do que antes e tomaremos decisões sem considerar as opiniões de outros.”

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A entrevista coletiva sublinhou o esforço da Rússia em consolidar sua posição militar e estratégica, enquanto os conflitos e tensões com o Ocidente permanecem elevados.

(Com NBC e BBC)