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O presidente da China, Xi Jinping, e o primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, usaram a cúpula do Brics na Rússia nesta quarta-feira (23) para mostrar suas ambições de um relacionamento mais harmonioso entre os dois países mais populosos do mundo, após anos de animosidade.
O encontro entre Xi e Modi, que não tinham conversas formais há cinco anos, foi um dos destaques de uma cúpula que o presidente russo, Vladimir Putin, procurou usar para mostrar que o Ocidente não conseguiu isolar a Rússia por conta de sua guerra na Ucrânia.
Um comunicado final listou uma série de projetos destinados a facilitar o comércio entre os países do Brics – incluindo um sistema de pagamento alternativo ao dólar – mas não incluiu detalhes ou cronogramas.
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Apenas dois dias depois de Nova Délhi anunciar que havia chegado a um acordo com Pequim para resolver um impasse militar de quatro anos na disputada fronteira do Himalaia, Xi disse a Modi que eles devem aprimorar a comunicação e a cooperação e administrar efetivamente as diferenças.
“É do interesse fundamental dos dois países e povos que a China e a Índia compreendam corretamente a tendência da história e a direção do desenvolvimento de suas relações”, disse Xi, de acordo com a emissora estatal chinesa CCTV.
Em resposta, Modi disse a Xi que a manutenção da paz e da estabilidade em sua fronteira deve ser uma prioridade e que a confiança, o respeito e a sensibilidade mútuos devem ser a base do relacionamento.
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“Saudamos o acordo sobre as questões que surgiram nos últimos quatro anos”, disse Modi a Xi em comentários que foram ao ar na emissora estatal indiana Doordarshan.
O Brics – uma ideia concebida dentro do Goldman Sachs há duas décadas para descrever o crescente poder econômico da China e de outros grandes mercados emergentes – é agora um grupo que representa 45% da população mundial e 35% da economia global.
A cúpula do Brics coincide com reuniões anuais do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do Banco Mundial em Washington.
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Jim O’Neill, o ex-economista do Goldman Sachs que cunhou o termo Bric em 2001, disse à Reuters que tem pouco otimismo em relação ao grupo enquanto a China e a Índia permaneçam tão divididas.
“Parece-me ser basicamente um encontro anual simbólico em que países emergentes importantes, especialmente os barulhentos como a Rússia, mas também a China, podem se reunir e destacar como é bom fazer parte de algo que não envolva os Estados Unidos e que a governança global não é boa o suficiente”, disse O’Neill à Reuters.
Guerra na Ucrânia
Putin, que rejeita as acusações ocidentais de que é um criminoso de guerra pelas ações russas na Ucrânia, recebeu mais de 20 líderes na cúpula realizada na cidade de Kazan, às margens do Volga, incluindo o presidente turco, Tayyip Erdogan, e o presidente iraniano, Masoud Pezeshkian.
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Modi disse a Putin em público que deseja a paz na Ucrânia. Xi discutiu a guerra a portas fechadas com o chefe do Kremlin, assim como o presidente dos Emirados Árabes Unidos, Sheikh Mohammed bin Zayed Al Nahyan, que tem tentado mediar a situação.
O comunicado final de 43 páginas da cúpula abrangeu de geopolítica e narcóticos a inteligência artificial e até mesmo a preservação de grandes felinos, mas faltaram detalhes sobre algumas questões importantes, além de mencionar a Ucrânia apenas uma vez.