Promessas climáticas ainda estão muito aquém das metas de Paris, diz ONU

Órgão de monitoramento climático da ONU afirmou os gases de efeito estufa têm se acumulado na atmosfera mais rapidamente do que em qualquer outro momento nas últimas duas décadas

Reuters

Fumaça e vapor saindo da central elétrica de Belchatow, a maior usina a carvão da Europa, na Polônia  (Foto: Kacper Pempel/Reuters)
Fumaça e vapor saindo da central elétrica de Belchatow, a maior usina a carvão da Europa, na Polônia (Foto: Kacper Pempel/Reuters)

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Cingapura (Reuters) – Promessas nacionais para reduzir as emissões de gases de efeito estufa ainda estão muito aquém do necessário para limitar o aquecimento global catastrófico, disse a ONU nesta segunda-feira (28), no momento em que os países se preparam para a próxima rodada de negociações sobre mudanças climáticas em novembro.


As Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDC, na sigla em inglês) já submetidas pelos países à ONU são suficientes para reduzir as emissões globais em 2,6% de 2019 a 2030, acima dos 2% do ano passado, disse a Convenção de Parâmetros das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (UNFCCC) em sua avaliação anual.


No entanto, estão longe do suficiente para atingir o corte de 43% que, segundo cientistas, é necessário para manter ao alcance a meta do Acordo de Paris de limitar o aumento da temperatura global a 1,5 graus Celsius, alertou.

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Como parte de suas obrigações em Paris, as nações devem entregar NDCs novas e mais fortes antes do prazo final em fevereiro do próximo ano, e as conclusões do relatório devem marcar um “ponto de inflexão”, disse Simon Stiell, secretário-geral da UNFCCC.


“Os atuais planos climáticos nacionais estão muito aquém do que é necessário para impedir que o aquecimento global prejudique todas as economias e destrua bilhões de vidas e meios de subsistência em todos os países”, disse.


“A última geração de NDCs definiu o sinal para uma mudança imparável”, disse Stiell. “As novas NDCs do próximo ano devem delinear um caminho claro para que isso aconteça.”

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Persuadir as nações a estabelecer e implementar promessas mais ambiciosas pode depender do sucesso das negociações climáticas da COP29, que começam em duas semanas em Baku, capital do Azerbaijão.


Cerca de 200 países discutirão os detalhes de um novo sistema global de comércio de emissões e um robusto pacote financeiro anual de 100 bilhões de dólares para ajudar os países em desenvolvimento a atingir suas metas climáticas.


“O que estamos vendo é que, em alguns casos, (o processo NDC) pode ser usado como um mecanismo de negociação — mais dinheiro para mais ambição”, disse Pablo Vieira, diretor global da NDC Partnership, um grupo não governamental que está ajudando cerca de 60 países a elaborar promessas atualizadas.

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“Eles também querem se certificar de que as novas NDCs sejam passíveis de investimento, que tenham os elementos necessários para atrair não apenas o financiamento público, mas também o privado”, disse.

 

CO² em novo recorde


Em um relatório separado, o órgão de monitoramento climático da ONU afirmou nesta segunda-feira que os gases de efeito estufa têm se acumulado na atmosfera “mais rapidamente do que em qualquer outro momento da existência humana” nas últimas duas décadas.

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As concentrações de dióxido de carbono atingiram um novo recorde de 420 partes por milhão (ppm) no ano passado, 2,3 ppm acima do ano anterior, e aumentaram 11,4% em apenas 20 anos, informou a Organização Meteorológica Mundial (OMM) em seu boletim anual sobre gases de efeito estufa.

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