Professor, treinador de futebol e ex-militar: quem é Tim Walz, vice de Kamala Harris?

Eleito duas vezes para governar o estado de Minnesota, Walz fez fortes investimentos em educação e aplicou legislações de defesa de direitos civis; seu nome cresceu após ele chamar os republicanos de "estranhos"

Roberto de Lira

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Como esperado, a vice-presidente Kamala Harris optou por escolher como seu companheiro de chapa na disputa pela Casa Branca um homem da região do meio Oeste dos Estados Unidos e com um perfil entre o liberal e o moderado.

Segundo vários perfis do governador de Minnesota, Tim Walz, passa uma imagem de um cidadão comum americano, com carreira de professor, treinador de futebol americano e passado militar. É comum ele ser fotografado trajando camisetas ou postando fotos de seus cachorros nas redes sociais.

O nome de Walz não estava entre os primeiros favoritos para ocupar a vaga, mas ele subiu no ranking após ter usado no final de julho a expressão “estranhos” (“weird”) para se referir tanto a Donald Trump como a J.D. Vance, candidatos a presidente e a vice pela chapa republicana.

Em entrevista à MSNBC, ao responder sobre os discursos de divisão usados pela dupla, o governador de Minnesota afirmou não gostar do estava acontecendo. “Quando você não pode nem ir ao jantar de Ação de Graças com seu tio porque acaba em uma briga estranha (…) desnecessária”, comentou, completando: “Bem, é verdade. Esses caras são simplesmente estranhos.”

Professor e ex-militar

Walz foi eleito governador pela primeira vez em 2018, sendo reeleito em 2022, com um agenda bem progressista. Em sua gestão, ampliou programas de refeições escolares gratuitas, protegeu a liberdade reprodutiva, fortaleceu os direitos de voto de minorias e investiu em energias renováveis.

Além disso, autorizou cortes impostos para a classe média e expandiu a licença remunerada para os trabalhadores do estado.

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Walz nasceu em cidade pequena a zona rural de Nebraska e se alistou na Guarda Nacional do Exército logo após encerrar o ensino médio. Formou-se em ciências sociais em 1989 e passou um ano ensinando no exterior antes de retornar para casa e aceitar uma posição de professor e treinador de futebol no ensino médio. Sob seu comando, o time do Mankato West venceu o primeiro campeonato estadual da escola.

Após 24 anos na Guarda Nacional do Exército, ele se aposentou com sargento em 2005. Tim Walz entrou para a política e venceu sua primeira eleição para a Câmara dos Representantes em 2006, sendo reeleito para mais cinco mandatos.

Educação e direitos civis

Como governador, Walz sancionou um orçamento de educação de US$ 2,3 bilhões – o maior investimento em educação pública na história do estado de Minnesota.

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Em seus dois mandatos, foi estabelecida a liberdade reprodutiva rígida e forma ampliadas as proteções para indivíduos trans e os cuidados de afirmação de gênero como direitos fundamentais. O governador também proibiu a prática da “terapia de conversão” e encerrou a proibição de livros com base na ideologia.

Mas ele também proibiu o uso de telefones celulares portáteis no trânsito e aumentou a idade mínima para comprar cigarros para 21 anos.

Foi durante sua gestão que aconteceram os protestos pelo assassinato de George Floyd, cometido pela polícia de Minneapolis. Na época, Walz defendeu mudanças na legislação para conter o que ele chamou  de “racismo sistêmico”.