Prêmio de R$ 5 milhões pago por Musk para eleitores de Trump é ilegal?

Bilionário é alvo de críticas enquanto tenta mobilizar apoio para Donald Trump

Maria Luiza Dourado

Elon Musk e Donald Trump em Butler, na Pensilvânia - 5/10/2024 (Foto: Carlos Barria/Reuters)
Elon Musk e Donald Trump em Butler, na Pensilvânia - 5/10/2024 (Foto: Carlos Barria/Reuters)

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Especialistas dizem que o pagamento de prêmios diários de US$ 1 milhão (R$ 5,6 milhões) por Elon Musk a eleitores que assinem uma petição do America PAC, um comitê de ação política criado pelo bilionário para apoiar o republicano Donald Trump na eleição presidencial, pode estar violando as leis eleitorais dos Estados Unidos.

A petição online promovida pelo comitê criado por Musk afirma apoiar a Primeira e a Segunda Emenda da Constituição dos EUA. O texto declara: “A Primeira e a Segunda Emendas garantem a liberdade de expressão e o direito ao porte de armas. Ao assinar abaixo, estou declarando meu apoio à Primeira e à Segunda Emendas.”

A promessa de Musk é distribuir US$ 1 milhão por dia a signatários da petição online, que devem ser eleitores dos estados decisivos nas eleições americanas, conhecidos como estados-pêndulo, como Arizona, Geórgia, Michigan, Nevada, Carolina do Norte, Wisconsin e Pensilvânia — este último considerado o mais decisivo para as eleições deste ano, segundo pesquisas. Além disso, todos os signatários ganham US$ 100 (R$ 569,36) ao assinar e mais US$ 100 caso indiquem alguém para fazer o mesmo.

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O primeiro cheque dado por Musk foi entregue a um participante de um evento comunitário na Pensilvânia, no último sábado (19).

Contudo, a polêmica estratégia tem gerado questionamentos sobre sua legalidade, com alguns especialistas apontando que a promessa de Musk se assemelha à compra de votos.

Juristas especializados na Constituição americana ouvidos pela imprensa dos EUA Entendem que vincular um incentivo financeiro à assinatura de uma petição que exige registro de eleitor pode consistir em uma tentativa de influenciar o resultado da eleição, violando as leis eleitorais dos EUA.

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O pagamento de prêmios pela PAC do bilionário é legal, mas a exigência de que o premiado esteja registrado como eleitor e a exclusividade dos signatários para concorrer à premiação torna a prática ilegal, segundo os especialistas.

Isso porque o Código Eleitoral dos EUA afirma que qualquer um que “paga ou oferece pagar ou aceita pagamento por registro para votar ou por votar” está sujeito a uma multa que pode chegar a US$ 10 mil ou a uma pena de prisão de cinco anos.

Mas, segundo informa o The New York Times, que conversou com Brad Smith, ex-presidente da Comissão Federal de Eleições (FEC) dos EUA, a estratégia de Musk pode ser coberta por uma brecha, pois ninguém está sendo pago diretamente para se registrar ou votar, mas sim para assinar uma petição.

Maria Luiza Dourado

Repórter de Finanças do InfoMoney. É formada pela Cásper Líbero e possui especialização em Economia pela Fipe - Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas.