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O primeiro-ministro da Polônia, Donald Tusk, disse nesta sexta-feira (7) em discurso no Parlamento que o país deve desenvolver armas nucleares e ampliar seu Exército regular para melhorar suas capacidades defensivas, diante do risco estratégico cada vez maior que a Rússia oferece para a Europa.
Segundo Tusk, a mudança constante do cenário militar na Ucrânia é um sinal de que adquirir apenas armas convencionais não é mais suficiente para garantir a segurança da Polônia e o país deve expandir seu investimento em Defesa para adquirir armas nucleares e não convencionais.
“Digo isso com total responsabilidade: não basta comprar armas convencionais, as mais tradicionais. O campo de batalha está mudando diante de nossos olhos mês a mês”, disse Tusk aos legisladores na sexta-feira. ” A Polônia deve buscar as possibilidades mais modernas, também relacionadas a armas nucleares e armas não convencionais.”
Em paralelo, o plano do governo polonês prevê que o Exército do país dobre de tamanho, dos atuais 230 mil homens para 500 mil, com a implementação de um serviço obrigatório até o fim do ano para incluir reservistas na expansão do efetivo militar.
A decisão do presidente americano, Donald Trump, de forçar a Ucrânia a aceitar um acordo de paz favorável à Rússia e suas ameaças de abandonar a aliança com os europeus provocou nos últimos dias um frenesi na UE, que rapidamente está esboçando um plano para se rearmar.
“Se a Ucrânia perder a guerra ou se aceitar os termos de paz que enfraqueçam sua soberania e facilitem o controle de Putin, então, sem dúvida a Polônia se encontrará em uma situação geopolítica muito mais difícil”, disse Tusk.
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Na quinta-feira, 6, em Bruxelas, os líderes do bloco concordaram em investir 800 bilhões de euros em Defesa nos próximos anos, com 150 bilhões a serem gastos no curto prazo, tanto em ajuda à Ucrânia, quanto no fortalecimento de seus arsenais.
Pelos tratados da Otan, os EUA dispõem de cerca de 100 bombas atômicas na Europa, em países como Alemanha, Itália, e Turquia. Trump não disse abertamente que pretende retirá-los, mas seu comportamento pró-Rússia tem preocupado os europeus.
Após Trump expulsar Zelenski da Casa Branca em uma reunião que virou um bate boca na semana passada, o presidente francês, Emmanuel Macron sugeriu oferecer a proteção do arsenal francês para toda a Europa como elemento de dissuasão em caso de uma ameaça russa, já que Moscou também é uma potência nuclear. A Polônia, no entanto, é o primeiro país europeu em décadas a falar abertamente em desenvolver armas atômicas.
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Uma ameaça histórica
Os países bálticos, mais expostos à Rússia por terem feito parte da URSS, sinalizaram positivamente à oferta francesa. O próprio Tusk disse que mesmo estando aberto a desenvolver suas próprias armas a Polônia deveria aceitar a sugestão francesa.
Ao longo da história, a Polônia foi invadida diversas vezes pelos russos. A última vez foi na 2ª Guerra, depois do pacto de não agressão entre Hitler e Stalin, que levou à partilha do país, em 1939.
Por isso o país, com uma população de 38 milhões de pessoas, está profundamente preocupado com a guerra na Ucrânia. Teme-se que, se a Ucrânia for derrotada, a Rússia volte suas ambições para o leste europeu, como ocorreu nos séculos 18, 19 e 20.
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“Estamos enfrentando uma corrida muito séria. E essa é uma corrida pela segurança, não uma corrida para a guerra”, disse Tusk. “Acredito profundamente que todos nós passaremos nesse teste”, disse Tusk. “A Polônia estará segura e, como resultado, a Polônia, como sempre esteve em nossos sonhos ao longo de uma história tão difícil, também será invencível.”
A Polônia é o país da Europa que mais gasta hoje com Defesa. Neste ano, Varsóvia gastará 4,7% do PIB em armas, o nível mais alto da Otan.