Pato salgado, casa e milhões de dólares: autoridade de NY fez espionagem para a China

O trabalho secreto rendeu a Lisa Sun milhões de dólares em propina, entregas de "pato salgado", típico da China, e outras regalias

Maria Luiza Dourado

Linda Sun, ex-assessora do governadora do estado de Nova York, Kathy Hochul, sai do tribunal federal de Brooklyn acompanhada pelo marido, Chris Hu. Kent J. Edwards/Reuters
Linda Sun, ex-assessora do governadora do estado de Nova York, Kathy Hochul, sai do tribunal federal de Brooklyn acompanhada pelo marido, Chris Hu. Kent J. Edwards/Reuters

Publicidade

Linda Sun, uma assessora de alto escalão do governo de Nova York, foi acusada de atuar como uma espiã da China, ajudando o país asiático a acessar uma série de informações sensíveis dos Estados Unidos, como dados sobre a Covid-19, além de bloquear acessos de inimigos dos chineses ao governo nova-iorquino – em troca de “pato salgado”, típico da China, milhões de dólares e outras regalias. As informações são da BBC.

LEIA MAIS: Balão espião chinês reuniu informações sobre instalações militares dos EUA, diz NBC News

Segundo a rede britânica, ao longo de 14 anos de carreira, Sun, que tem 41 anos, subiu na hierarquia até se tornar chefe adjunta de gabinete da governadora de Nova York, Kathy Hochul, e usou sua posição para auxiliar oficiais chineses, bloqueando diplomatas taiwaneses de contatar o governo do estado e compartilhando documentos internos com Pequim, de acordo com promotores federais.

Continua depois da publicidade

A BBC informa que, em troca dos serviços de espionagem, Sun e seu marido recebiam propinas milionárias, usadas para a aquisição de uma casa de US$ 4,1 milhões em Nova York, além de viagens pagas à China, ingressos para eventos e até entregas de um típico prato chinês milenar, o “pato salgado”. Segundo a BBC, a acusação afirma que a iguaria foi enviada à casa de seus pais em pelo menos 16 ocasiões.

O casal foi detido em Long Island na última terça-feira (3) por agentes federais sob 10 acusações criminais, incluindo fraude de visto e lavagem de dinheiro. Sun nunca se registrou como agente estrangeira, como exigido pela lei dos EUA.

Em 2020, durante a pandemia, Sun supostamente encontrou maneiras para oficiais consulares chineses se conectarem com líderes de Nova York, incluindo a adição clandestina de um oficial chinês a uma chamada do governo estadual sobre saúde pública.

Continua depois da publicidade

A acusação detalha que a agora ex-assessora trabalhou para impedir que representantes taiwaneses se comunicassem com oficiais do governo dos EUA e se gabou de ter desviado um político nova-iorquino de um evento organizado por Taiwan. Ela também é acusada de, até 2021, ter atuado nos bastidores para remover menções à detenção de uigures na China, redigir cartas fraudulentas para facilitar viagens de políticos chineses aos EUA e até apresentar uma proclamação do Ano Novo Lunar, particularmente celebrado em partes da Ásia, sem permissão do governador de NY, além de mentir para o FBI para evitar ser descoberta.

O ex-promotor Howard Master comentou que as acusações refletem uma tendência preocupante de corrupção entre altos funcionários públicos recebendo presentes de governos estrangeiros.

ACESSO GRATUITO

CARTEIRA DE BONDS

Maria Luiza Dourado

Repórter de Finanças do InfoMoney. É formada pela Cásper Líbero e possui especialização em Economia pela Fipe - Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas.