Panamá anuncia saída de acordo econômico com a China em meio a pressões dos EUA

Presidente panamenho negou que a decisão tenha sido uma exigência do governo americano

Gabriel Garcia

Navio porta-contêineres com bandeira de Cingapura transita em eclusa do Canal do Panamá – 12/08/2024 (Foto: Enea Lebrun/Reuters)
Navio porta-contêineres com bandeira de Cingapura transita em eclusa do Canal do Panamá – 12/08/2024 (Foto: Enea Lebrun/Reuters)

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O presidente do Panamá, José Raúl Mulino, anunciou nesta quinta-feira (6) o cancelamento do acordo econômico com a China para a implementação do programa “Nova Rota da Seda” no país.

A decisão ocorre em um momento de crescente pressão dos Estados Unidos para reduzir a influência chinesa no Canal do Panamá, uma das principais vias de comércio do mundo.

Mulino informou que a embaixada do Panamá em Pequim já apresentou o documento formal para o cancelamento, que deve ocorrer com 90 dias de antecedência, conforme estipulado no acordo.

Leia mais: Presidente do Panamá diz que acordo com EUA sobre Canal é ‘absoluta falsidade’

Em suas declarações, o presidente panamenho negou que a decisão tenha sido uma exigência dos EUA, apesar de ter se reunido recentemente com o secretário de Estado americano, Marco Rubio, na Cidade do Panamá.

A “Nova Rota da Seda”, também conhecida como “Cinturão e Rota”, é um ambicioso programa do governo chinês que visa financiar obras e investimentos em diversos países, incluindo na América Latina.

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Desde seu lançamento em 2013, o programa tem se fortalecido, com um orçamento estimado em trilhões de dólares, mas enfrenta desafios devido a tensões geopolíticas.

Apesar do cancelamento do acordo, o governo panamenho e a Autoridade do Canal do Panamá (ACP) desmentiram afirmações do Departamento de Estado dos EUA de que embarcações americanas teriam “passe livre” pela hidrovia.

Mulino classificou a declaração como “intolerável” e uma “falsidade absoluta”, exigindo uma postura firme do embaixador panamenho nos Estados Unidos em resposta à situação.