Palestinos reagem à sugestão de Trump de expulsar 1,5 milhão de Gaza

A Jordânia e o Egito já afirmaram que não aceitarão refugiados palestinos

Reuters

Drone mostra palestinos caminhando entre os escombros enquanto tentam retornar para suas casas, em meio a um cessar-fogo entre Israel e Hamas, na faixa norte de Gaza, 19 de janeiro de 2025. REUTERS/Mahmoud Al-Basos
Drone mostra palestinos caminhando entre os escombros enquanto tentam retornar para suas casas, em meio a um cessar-fogo entre Israel e Hamas, na faixa norte de Gaza, 19 de janeiro de 2025. REUTERS/Mahmoud Al-Basos

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Os palestinos reagiram com indignação neste domingo, 26, ao plano apresentado pelo presidente dos EUA, Donald Trump, para “limpar” a Faixa de Gaza e enviar 1,5 milhões de pessoas para Egito e Jordânia, com o objetivo de acabar permanentemente com a guerra. As declarações do americano foram feitas no momento em que Israel e Hamas se seguram em uma frágil trégua que entrou em sua segunda semana.

“Gostaria de me envolver com alguns países árabes e construir moradias em um local diferente, onde talvez eles possam viver em paz”, disse Trump a bordo do Air Force One, avião presidencial. “Estamos falando de provavelmente 1,5 milhão de pessoas. Nós simplesmente limpamos tudo e dizemos: ‘Acabou’.”

A população de Gaza antes da guerra era de 2,3 milhões. A Jordânia e o Egito já afirmaram que não aceitarão refugiados palestinos. Ontem, o chanceler jordaniano, Ayman Safadi, rejeitou qualquer deslocamento forçado de palestinos.

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Omer Shatz, professor de direito internacional da Sciences Po e conselheiro do Tribunal Penal Internacional (TPI), disse que os comentários de Trump são um “apelo à limpeza étnica” que ecoa o argumento da extrema direita israelense. “É uma continuação perigosa dos apelos de desumanização e genocídio que temos visto das vozes mais extremas dentro de Israel”, disse.

A sugestão de Trump foi bem recebida pelos israelenses de extrema direita. O ministro das Finanças, Bezalel Smotrich, descreveu a realocação de palestinos como uma “ótima ideia” e disse que trabalharia com o primeiro-ministro, Binyamin Netanyahu, para criar um “plano operacional para implementação” o mais rápido possível.

Dinamarca

Mas Gaza não foi a única polêmica levantada por Trump. Na mesma conversa, no avião presidencial, ele voltou a dizer que os EUA tomarão a Groenlândia, logo depois de surgirem detalhes de uma discussão entre ele o premiê da Dinamarca, Mette Frederiksen, por telefone.

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Pessoas familiarizadas com a ligação disseram que Trump foi agressivo e ameaçou a Dinamarca com tarifas específicas e impostos sobre exportações. Cinco funcionários europeus disseram ao Financial Times que o telefonema foi “horrível”.

A bordo do Air Force One, o presidente americano disse que os EUA assumirão o controle da Groenlândia porque os 57 mil habitantes do território querem a anexação. “Acredito que conseguiremos a Groenlândia, porque isso realmente tem a ver com a liberdade pelo mundo”, disse Trump. “Não tem nada a ver com os EUA, a não ser o fato de que somos nós que podemos proporcionar essa liberdade.” (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)