Publicidade
Os pais do cofundador da FTX, Sam Bankman-Fried, estão explorando maneiras de obter um perdão presidencial para seu filho junto a Donald Trump, segundo uma fonte familiarizada com o assunto.
Os professores da Stanford Law School, Joseph Bankman e Barbara Fried, tiveram reuniões recentes com advogados e figuras ligadas ao círculo de Trump para discutir a possibilidade de clemência para o ex-bilionário de 32 anos, condenado a 25 anos de prisão por fraude, disse a fonte. Não está claro se já houve contato direto com a Casa Branca.
Bankman e Fried não quiseram comentar. O advogado de Bankman-Fried, que já entrou com um recurso contra sua condenação em 2023 por crimes relacionados ao colapso da FTX, não respondeu imediatamente a um pedido de comentário. A Casa Branca também não se manifestou.
O uso rápido do poder de perdão por Trump, incluindo para Ross Ulbricht, fundador do Silk Road, incentivou uma onda de pedidos de clemência entre condenados por crimes financeiros.
Ao buscar o perdão de Trump, Bankman-Fried — que passou de estrela do setor cripto a vilão — estaria apelando a um presidente que evoluiu de cético a entusiasta das criptomoedas. A indústria cripto e movimentos libertários pressionaram fortemente por um perdão para Ulbricht, condenado à prisão perpétua por tráfico de drogas e lavagem de dinheiro.
Embora Bankman-Fried não tenha o mesmo apoio popular, ele já argumentou que sua sentença foi “draconiana”, dado que a maioria dos clientes da FTX recuperou os valores perdidos. Ryan Salame, ex-executivo da FTX, condenado a mais de sete anos de prisão, também busca um perdão presidencial.
Continua depois da publicidade
Jeffrey Grant, que dirige um escritório de advocacia especializado em condenados por crimes financeiros, disse ter recebido cerca de 100 consultas sobre pedidos de perdão.
“Temos ouvido de pessoas presas, de pessoas recentemente sentenciadas que ainda não se apresentaram às autoridades, e de pessoas que foram indiciadas”, disse Grant. “Todos estão procurando alguém que conheça alguém.”
Presos federais podem solicitar clemência por meio do Departamento de Justiça, mas Trump já tomou decisões com base em apelos informais no passado.
Continua depois da publicidade
Grant criticou a priorização de pedidos de pessoas influentes em detrimento de prisioneiros que já estão encarcerados há anos. “Entendo que as pessoas queiram e precisem fazer isso, mas como organização, nós não nos envolvemos”, afirmou.
Sam Mangel, consultor especializado em casos de prisão para crimes financeiros, disse que trabalha em vários pedidos de clemência. Mangel, que já assessorou Steve Bannon e Peter Navarro, afirmou ter recebido orientações de contatos no círculo presidencial.
“Disseram-me para não apresentar casos de crimes sexuais, crimes violentos ou relacionados à imigração ilegal”, disse ele.
Continua depois da publicidade
A abordagem rápida de Trump no uso do perdão presidencial contrasta com seu primeiro mandato, quando a maioria de suas decisões nesse sentido ocorreu nos últimos meses no cargo. Isso é comum entre presidentes, incluindo Joe Biden, que emitiu uma série de perdões nos seus últimos dias de governo, incluindo para familiares e opositores políticos de Trump.
Trump concedeu perdão a vários aliados republicanos, como Bannon. Bankman-Fried foi um dos maiores doadores do Partido Democrata, mas Trump também já ajudou democratas que alegam terem sido alvos de processos políticos. O presidente cogita intervir no caso de suborno contra o prefeito de Nova York, Eric Adams, que sugeriu estar sendo perseguido por criticar as políticas imigratórias de Biden.
Bankman-Fried e Trump compartilham um sentimento específico de injustiça. O juiz Lewis A. Kaplan, que presidiu o julgamento do fundador da FTX e o sentenciou a décadas de prisão, também conduziu os processos de difamação e agressão sexual contra Trump movidos pela escritora E. Jean Carroll. Tanto Bankman-Fried quanto Trump acusaram Kaplan de ser parcial contra eles.
Continua depois da publicidade
Alan Dershowitz, professor de Direito de Harvard que auxiliou diversas pessoas a obterem clemência durante o primeiro mandato de Trump, disse que já recebeu ligações pedindo ajuda.
“Disse para me ligarem daqui a um mês”, afirmou Dershowitz. “Agora Trump está ocupado com outras coisas.”
© 2025 Bloomberg L.P.