Oposição e apoiadores de Maduro vão às ruas na Venezuela após eleição contestada

Ditador foi declarado vencedor pelo Conselho Eleitoral do país, mas resultado segue sob questionamentos em nível nacional e internacional

Equipe InfoMoney

Manifestantes protestam contra o governo da Venezuela em Maracaibo  (Foto: Isaac Urrutia/Reuters)
Manifestantes protestam contra o governo da Venezuela em Maracaibo (Foto: Isaac Urrutia/Reuters)

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Uma semana após um processo eleitoral conturbado, que tem sido objeto de críticas na comunidade internacional, venezuelanos contra e a favor do regime de Nicolás Maduro ocupam as ruas da capital Caracas neste sábado (3).

O presidente foi declarado vencedor pelo Conselho Eleitoral do país, mas o resultado segue sob contestação de críticos e por diversas lideranças internacionais, que têm cobrado maior transparência sobre o processo e a apresentação completa das atas de votações nas diversas partes do país.

A líder da oposição venezuelana, María Corina Machado, uma das vozes que convocou a população para os atos, chegou de caminhão acompanhada por diversos políticos − mas não pelo candidato Edmundo González, que reivindica vitória no pleito. Os defensores de Maduro, por outro lado, realizam “motociatas” pelas ruas de Caracas.

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A Organização dos Estados Americanos (OEA) pediu pela paz na Venezuela antes do início das manifestações. “Que cada homem ou mulher venezuelanos, que for para as ruas no dia de hoje, encontre apenas um eco de paz, uma paz que reflete o espírito da coexistência democrática”, disse a instituição em comunicado publicado na rede social X (o antigo Twitter).

O resultado publicado autoridade eleitoral venezuelana na última segunda-feira (29), apontando vitória de Maduro por 51% dos votos contra 46% de González (reafirmado ontem), motivou alegações generalizadas de fraude e diversos protestos, que foram combatidos pelas forças de segurança do governo. Maduro classifica os atos como parte de uma tentativa de golpe de Estado patrocinado pelos Estados Unidos.

Na quinta-feira (1º), o secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, disse que González venceu o pleito do último domingo (28). Em sua conta no X, ele disse que “os dados eleitorais demonstram de forma esmagadora a vontade do povo venezuelano”. “Os venezuelanos votaram e os seus votos devem valer”, sustentou.

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Além dos EUA, outros 6 países latino-americanos reconheceram a vitória de González: Peru, ArgentinaUruguaiCosta RicaEquador Panamá. O Brasil adotada postura mais distante ao não reconhecer a vitória de Maduro, mas também não apontar por ora a existência de fraude no processo.

O país insiste no pedido das atas eleitorais e a realização de alguma verificação do processo, e tenta manter cacife para uma posição de mediador no caso — dado o maior acesso ao regime de Maduro em comparação com outros países.

A posição, que rendeu comunicado conjunto assinado com os presidentes da Colômbia, Gustavo Petro, e do México, Andrés Manuel López Obrador, pedindo que a Venezuela divulgasse os dados eleitorais.

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Tal postura rendeu elogios de Maduro. “Presidente Lula, Presidente Petro e Presidente López Obrador, estão trabalhando juntos para que se respeite a Venezuela. Para que os EUA não façam o que estão fazendo. Emitiram um comunicado de imprensa muito bom ontem. Muito bom”, disse em entrevista coletiva na última sexta-feira (2).

“Parabéns ao presidente Petro, López Obrador e Lula. Agradeço. Por toda a Venezuela, eu agradeço Lula, Petro e López Obrador”, ele acrescentou. Veja a trecho pelo vídeo acima.

Protestos em Caracas uma semana após eleições venezuelanas (Foto: REUTERS/Leonardo Fernandez Viloria)

População nas ruas

Neste sábado (3), centenas de apoiadores da oposição marcharam em manifestação por Caracas pela manhã. “Sinto, hoje, um pouco de desânimo, mas decidi sair de casa porque quero continuar expressando a minha voz”, disse a engenheira civil Yannet Garcia, 62, simpatizante da oposição. “Optamos pela mudança, não desistimos.”

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Até agora, pelo menos 20 pessoas foram mortas nos protestos depois da eleição, de acordo com o grupo de defesa de direitos Human Rights Watch. Outras 1.200 foram presas em conexão com as manifestações, segundo o governo.

(com Reuters)