Netanyahu adia votação sobre cessar-fogo com Hamas por suposta “extorsão”

Sem evidências, o primeiro-ministro israelense afirma que o Hamas tenta "extorquir concessões de última hora"; o grupo nega

Maria Luiza Dourado

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O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, suspendeu a votação no gabinete do seu governo sobre o acordo de cessar-fogo com o Hamas, que aconteceria na manhã desta quinta-feira (16), alegando que o grupo está tentando “extorquir concessões de última hora”.

O gabinete de Netanyahu alega que o Hamas está renegando partes do acordo alcançado junto aos mediadores e Israel, em um esforço para extorquir concessões de última hora.

Ainda, o gabinete israelense anunciou que não se reunirá para discutir o acordo até que os mediadores notifiquem Israel de que o Hamas aceitou todos os elementos do acordo.

Do outro lado, a agência de notícias Aljazeera informa que líderes seniores do Hamas rejeitaram as acusações de Netanyahu, classificando-as como “sem base”. Segundo a agência, Izzat al-Risheq, membro do gabinete político do Hamas, declarou estar comprometido com o acordo anunciado pelos mediadores.

O cessar fogo deveria começar no domingo, 19 de janeiro, mas, com as negociações empacadas mais uma vez, os ataques à Gaza continuam. Ao menos 81 palestinos foram mortos em bombardeiros nas últimas 24 horas, segundo o Ministério da Saúde do enclave.

Pressão interna para Netanyahu não concordar com o cessar-fogo

A extrema direita israelense tem rechaçado a ideia de um acordo de cessar-fogo com o Hamas. Segundo a imprensa israelense, o partido de extrema direita Sionismo Religioso, presidido pelo atual ministro das finanças de Israel, Bezalel Smotrich, disse que só permanecerá no governo de coalizão de Netanyahu se o primeiro-ministro concordar com o “retorno de Israel à guerra para destruir o Hamas”.

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Protestos de oposição ao acordo foram realizados nesta manhã, em Jerusalém. Famílias dos soldados israelenses mortos durante a Guerra colocaram caixões falsos cobertos com bandeiras israelenses nas ruas.

Maria Luiza Dourado

Repórter de Finanças do InfoMoney. É formada pela Cásper Líbero e possui especialização em Economia pela Fipe - Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas.