Ministério da Defesa decide enviar blindados para região de fronteira entre Venezuela e Guiana

Governo brasileiro acompanha com preocupação a situação entre os dois vizinhos, mas não acredita que a situação irá avançar para um confronto armado

Reuters

Guiana (Foto: Vitor Abdala)
Guiana (Foto: Vitor Abdala)

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BRASÍLIA (Reuters) – O Ministério da Defesa decidiu reforçar presença militar brasileira na região de fronteira entre a Venezuela e Guiana e vai enviar blindados para um grupamento militar localizado em Boa Vista, capital de Roraima, em meio ao aumento da tensão entre seus dois países vizinhos após o plebiscito em que os venezuelanos aprovaram a anexação da região guianense de Essequibo.

“O Ministério da Defesa informa que ocorre movimentação de blindados do Exército para completar a dotação de material do 18º Regimento de Cavalaria Mecanizado, localizado em Boa Vista (RR), e recém-criado em substituição ao 12º Esquadrão de Cavalaria Mecanizado. Essa movimentação já estava planejada e consta do Plano Estratégico do Exército”, disse o comunicado.

Uma fonte ligada ao Comando do Exército afirmou que blindados modelo Guaicuru e militares de regiões do Sul e Centro-Oeste do país estão seguindo para Roraima a fim de reforçar a segurança naquela região.

Houve também, conforme a fonte, a elevação de status do grupamento militar, deixando de ser um esquadrão de cavalaria para um regimento de cavalaria. Embora ainda não haja os números oficiais do reforço, disse a fonte, um regimento pode alcançar até 600 militares. Um comunicado oficial deverá ser divulgado em breve pelo Exército com detalhes.

Desde a semana passada, o Ministério da Defesa resolveu intensificar as ações de defesa na região.

O Centro de Comunicação Social do Exército já havia confirmado um aumento do efetivo no pelotão de fronteira de 70 para 130 militares. Segundo o órgão, as movimentações de tropas fazem parte do adestramento avançado da 1ª Brigada de Infantaria de Selva, visando manter a prontidão e eficiência operacional da Força Terrestre.

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“A Brigada em Roraima segue realizando sua ação de presença naquela faixa de fronteira normalmente. O acréscimo de 60 militares na região de Pacaraima visa atender, em melhores condições, à missão de vigilância e proteção do território nacional”, informou o comunicado.

A fonte ligada ao Comando do Exército disse na segunda-feira que, do lado brasileiro, o movimento na fronteira tem sido normal. A fonte destacou que a vigilância permanente na região foi reforçada para evitar que o Brasil venha a ser surpreendido com qualquer tipo de ação militar tentando usar parte do território brasileiro.

“Nenhuma ação de qualquer dos dois lados poderá se valer do nosso território”, ressaltou a fonte.

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DESINFLAR

Em entrevista à Reuters na segunda, a secretaria para América Latina e Caribe do Itamaraty, embaixadora Gisela Padovan, disse que a América do Sul tem condições para “desinflar” as tensões entre Venezuela e Guiana de forma a evitar um confronto depois do plebiscito no fim de semana aprovou a anexação de boa parte do território da vizinha Guiana.

Segundo ela, o governo brasileiro acompanha com preocupação a situação entre os dois vizinhos, mas não acredita que a situação irá avançar para um confronto armado, uma vez que diversas negociações estão sendo feitas por líderes da região — incluindo o presidente Luiz Inácio Lula da Silva — com os presidentes de Venezuela e Guiana.

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“Acompanhamos a situação com preocupação, mas eu não creio que vamos chegar a isso (conflito armado). Acho que a gente tem capacidade na região para desinflar esse processo”, disse a embaixadora à Reuters ao ser questionada se o clima entre os dois países poderia culminar em um confronto militar.

“A gente defende uma solução pacífica para essa questão, e o que a gente não quer é o que o presidente Lula chamou de confusão, e eu chamo de conflito. Acho que seria totalmente indesejável um conflito em um momento que a gente está retomando a integração da América do Sul, retomando reunião dos 12 países sobre diversos temas, inclusive defesa”, acrescentou.