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Após décadas de confrontos menores, com ataques feitos com foguetes desde o Líbano praticados pelo grupo Hezbollah contra Israel além de uma série de atentados – quase sempre respondidos -, as forças militares israelenses, que já estavam mobilizadas pelo confronto com o Hamas em Gaza, partiram nesta semana para uma ofensiva terrestre, na tentativa de eliminar de vez a ameaça em suas fronteiras.
A escalada do conflito colocou em exposição internacional o grupo armado, que surgiu e se consolidou exatamente após duas invasões de Israel no Líbano. O Infomoney preparou um guia para entender o que é e como funciona o Hezbollah. Veja abaixo:
O que significa Hezbollah?
A expressão significa “O Partido de Deus” e, de fato, o grupo surgiu tanto como um partido político muçulmano xiita quanto como um grupo militante, com sede no Líbano, onde tem a reputação de ser “um Estado dentro de um Estado”. Sua primeira declaração de princípios, publicada em 1985, refletia uma visão maniqueísta do mundo e o dividia entre as forças do mal (o Ocidente e seus aliados locais) e o “Partido de Deus”. Também rejeitava toda presença e interferência estrangeira no Líbano e defendia lutar até a destruição final do Estado de Israel. Num manifesto de 2009, o escopo foi ampliado para identificar essas ideias como parte de um movimento internacional.
Em que contexto surgiu o grupo?
O Líbano conquistou sua independência em 1943, com o poder político sendo dividido entre os grupos religiosos predominantes – muçulmanos sunitas, cristãos maronitas e muçulmanos xiitas -, mas as tensões entre esses grupos evoluíram para uma guerra civil. Um dos fatores foi que população sunita cresceu com a chegada de refugiados palestinos ao Líbano – vários deles organizados como grupos armados. Isso enquanto os xiitas perdiam cada vez mais poder para a minoria cristã. Após o início de uma guerra civil, as forças israelenses invadiram o sul do Líbano em 1978, e novamente em 1982, para tentar expulsar guerrilheiros palestinos que usavam a região como base para atacar Israel.
Como surgiu o Hezbollah?
Um grupo de xiitas influenciados pelo governo teocrático do Irã – que chegou ao poder no país em 1979 – pegou em armas contra a ocupação israelense. O regime iraniano aproveitou a oportunidade para expandir sua influência nos estados árabes e passou a forneceram fundos e treinamento para a milícia emergente. Como passar do tempo, o Hezbollah também passou a ter o apoio do regime de Bashar al-Assad, na Síria. Também tem como financiadores tanto empresas legais como outras ligadas ao crime internacional, além de cidadãos que sofreram na diáspora libanesa.
Como o grupo se organiza?
O Hezbollah tem sido uma presença constante do governo libanês desde 1992, quando oito de seus membros foram eleitos para o Parlamento, e o partido ocupa cargos no gabinete do Líbano desde 2005. Nas eleições nacionais mais recentes, em 2022, o Hezbollah manteve seus 13 assentos no Parlamento, que tem 128 membros, embora o partido e seus aliados tenham perdido a maioria. No entanto, o Hezbollah opera como um governo – sem sofrer interferência das autoridades militares e federais do país – em grande parte das áreas de maioria xiita do Líbano, incluindo áreas em Beirute, sul do Líbano e a região oriental do Vale do Bekaa. Nessas áreas, o grupo gerencia uma vasta rede de serviços sociais que incluem infraestrutura, instalações de saúde, escolas e programas para jovens, abrangendo libaneses xiitas e não xiitas.
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Como funciona o braço militar?
Sob o Acordo de Taif de 1989, que foi intermediado pela Arábia Saudita e pela Síria e encerrou a guerra civil do Líbano, o Hezbollah foi a única milícia autorizada a manter suas armas. Segundo o Instituto Internacional de Estudos Estratégicos, a milícia tinha até vinte mil combatentes ativos e cerca de vinte mil reservistas, com um arsenal de armas pequenas, tanques, drones e vários foguetes de longo alcance. Em Israel, acredita-se que o grupo possui um arsenal de artilharia maior do que a maioria das nações. Em junho passado, especialistas especularam que o Hezbollah tem entre 150 mil e 200 mil foguetes e mísseis de vários alcances.
(Fontes: Conselho de Relações Exteriores e agências de notícias)