Milei diz que mundo reconhece “milagre argentino” e nega desvalorização do peso

Em discurso, o presidente da Argentina afirmou que o processo de recuperação está sendo realizado sem expropriações ou controles de preços; Milei disse não querer desvalorizar o peso à ruína da população

Roberto de Lira

O presidente argentino Javier Milei acena para a multidão (Foto: Reprodução do Instagram de Javier Milei/@javiermilei)
O presidente argentino Javier Milei acena para a multidão (Foto: Reprodução do Instagram de Javier Milei/@javiermilei)

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O presidente da Argentina, Javier Milei, Javier Milei , declarou nesta quarta-feira (14) que o mundo está falando sobre o “milagre argentino” que tem sido realizado na sua gestão e, em tom de agradecimento, chamou seus ministros de “colossos”. Em discurso no encerramento do Conselho das Américas, em Buenos Aires, ele também disparou críticas à herança deixada pela administração anterior.

“É incrível porque, no resto do mundo, eles estão falando sobre o milagre argentino. E sem os colosso que tenho como ministros isso seria impossível. É interessante, todos veem o milagre, exceto os argentinos”, queixou-se.

“Fizemos o maior ajuste da humanidade. E graças à enorme gestão do ministro Caputo [Luis Caputo, ministro da Economia], atingimos déficit financeiro zero no primeiro mês de gestão”, disse.

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O presidente destacou ainda que o processo de recuperação está sendo realizado sem expropriações ou controles de preços.

Milei disse que recebeu um país com a pior das últimas três grandes crises e afirmou que tudo foi “premeditado” para que seu governo “fosse pelos ares em menos de um mês”.

Política cambial

Ele afirmou que, em seis meses, foi possível acabar com o déficit fiscal e que, desde que foi iniciada a fase 2 do programa de estabilização, não há mais nenhuma torneira de emissão na Argentina. “É por isso que a taxa de câmbio se estabilizou”, afirmou.

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Sobre esse tema, Milei negou que esteja realizando mais intervenções no mercado e afirmou que não está disposto a desvalorizar a moeda. “Não estamos dispostos a desvalorizar até a ruína. Vamos trabalhar na mudança dos níveis de produtividade, para que as pessoas não tenham que empobrecer por causa de governos de um tipo terrível e pior”, disse.

“Mal-intencionados ou por ignorância, alguns falam em intervenção no mercado de câmbio. Como seria um mundo sem intervenção? A taxa de juros tem que ser livre, a taxa de câmbio seria livre e a variação das reservas seria zero. Como temos controles de capital devido a um problema de fluxo de estoque, a única maneira de replicar o saldo da não intervenção é justamente retirar os pesos que emitimos comprando dólares”, explicou.

Segundo ele, olhando de perto, esse novo equilíbrio tem menos grau de intervenção do que o modelo anterior. “Não sei se os economistas, depois de tantos anos vivendo em uma economia dirigista, têm seus cérebros encharcados ou são diretamente burros”, disparou.