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A Argentina escolhe hoje seu próximo presidente da República e uma parcela estimada entre 10% e 12% dos mais de 35,4 milhões de argentinos aptos a votar é quem decidirá quem comandará o país nos próximos quatro anos, a partir e 10 de dezembro. Esse contingente inclui os indecisos e os que estão inclinados a anular o voto.
A população terá de decidir entre o atual ministro da Economia, Sergio Massa, – que teve de se esforçar muito para se manter competitivo até o final da campanha em meio a uma crise econômica persistente – e o ultraliberal Javier Milei, que apresentou propostas radicais para solucionar os problemas, incluindo dolarização e fechamento do Banco Central.
Embora as pesquisas de opinião tenham divergido nas últimas semanas, os analistas preveem um resultado por pequena margem de diferença. Um ponto importante é saber a capacidade migração de votos que terão os candidatos derrotados no primeiro turno da eleição, disputado em 22 de outubro.
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Nessa primeira parte da disputa, o escrutínio final da Câmara Nacional Eleitoral (o TSE argentino) mostro Massa com 9,853 milhões votos (36,78% do total), Milei com 8,034 milhões0 (29,99%), Patricia Bullrich com 6,379 milhões (23,81%), Juan Schiaretti com 1,802 milhão (6,73%) e Myriam Bregman com 722 mil (2,7%).
Eleições na Argentina
Bregman, da coligação Frente de Esquerda e Trabalhadores, aderiu à campanha de Massa, enquanto Schiaretti, do Partido Justicialista, manteve o tom crítico ao atual governo, embora tenha evitado apoiar formalmente a coligação de Milei. Mas é no destino dos votos que foram conferidos a Bullrich que repousam as esperanças dos candidatos que se enfrentam hoje.
Bullrich é ligada à mesma força política do ex-presidente Mauricio Macri, e a antiga ministra da Segurança e ex-candidata da coligação Juntos Pela Mudança não só deu apoio incondicional à candidatura do libertário Milei como passou a participar de eventos de sua campanha.
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Enquanto isso, Massa tentou a todo custo de desvencilhar não só da imagem do impopular presidente Alberto Fernández como de sua vice-presidente, Cristina Kirchner.
Segundo contas do portal Infobae, vencerá quem estiver mais próximo de atingir 13 milhões de votos nesse domingo. Por essa contabilidade, Massa precisará aumentar em 30% os votos do primeiro turno e Milei deverá acrescentar em torno de 60%.
Em termos absolutos, são 3 milhões de votos a mais para o ministro da Economia e quase 5 milhões para o candidato da coligação A Liberdade Avança. Assim, os “votos órfãos” de Bullrich, Schiaretti e Bregman farão toda a diferença.
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Nos últimos cinco meses, a campanha se desenvolveu em torno do medo. O lado de Massa apontava que uma vitória de Milei ameaçaria a própria democracia argentina, devido a declarações fortes no passado recente do ultraliberal. Do outro lado, sempre foi apontado o temor de que a República correria risco com a continuidade da gestão dos peronistas e kirchneristas.
Milei quer a redução do Estado, com fortes cortes de gastos públicos – o símbolo de sua campanha foi uma motosserra – e não perdeu uma oportunidade de citar que os privilégios da classe política precisavam acabar.
Massa, por sua vez, acenou com o tema da união nacional, apontando que o adversário iria acabar perpetuando a polarização da sociedade.
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Um ponto que não pode ser desconsiderado na disputa é a condição econômica do país, que passou meses inadimplente com o Fundo Monetário Internacional (FMI), com uma inflação anualizada que chegou a 142,7% em outubro e uma taxa de pobreza que rondou os 40% no primeiro semestre de 2023.
Para os analistas políticos, a campanha do medo pode até convencer parte da população, mas outros sentimentos que podem prevalecer são a raiva e frustração.