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A Venezuela escolhe neste domingo o presidente que governará o país pelos próximos seis anos, numa eleição de prognóstico aberto, uma vez que há pesquisas eleitorais apontando tanto o favoritismo da reeleição do presidente Nicolás Maduro como uma vantagem ampla do principal concorrente da oposição, o diplomata aposentado Edmundo González Urrutia.
A votação começa às 7h e se estende até as 19h e a previsão é que o resultado saia entre o final da noite de domingo e as primeiras horas da segunda-feira.
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O InfoMoney separou alguns detalhes sobre a disputa presidencial, que pode marcar o final do regime de esquerda autoproclamado “bolivariano” iniciado com Hugo Chaves desde o final dos anos 1990. Leia abaixo:
Quem pode votar?
São 21 milhões residentes aptos a votar e, apesar de estimativas de que podem haver mais de 7 milhões de venezuelanos no exterior – boa parte que emigraram forçosamente nas últimas décadas, devido à sucessão de crises econômicas ou por perseguição política – apenas cerca de 69 mil atendem aos critérios para votar no exterior. Sem um comprovante oficial de residência legal em um país anfitrião, não é possível se inscrever para o processo. Os venezuelanos nos EUA, por exemplo, não votam desde 2018, quando as relações diplomáticas foram rompidas e os consulados do país foram fechados.
Como será votação?
Os venezuelanos usam urnas eletrônicas, mas diferentemente das utilizadas no Brasil, essas máquinas registram os votos, fornecendo um recibo em papel. O eleitor apresenta sua identidade e faz o reconhecimento biométrico por meio da impressão digital. Depois, computa seu voto na urna eletrônica, que imprime o voto em papel para que o eleitor possa conferir se ele está correto. Por último, ele deposita o voto impresso em outra urna. Esse processo já recebeu denúncias de coação da população por parte de milícias bolivarianas, que pediram em eleições passadas comprovantes de apoio ao governo. Praticamente 100% dos locais de votação estão em escolas públicas, que serão vigiadas por militares no dia da eleição
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Como é o “cartão eleitoral”?
A “cédula” eleitoral que vai aparecer na tela é um exemplo de regras que tendem a favorecer Maduro na disputa presidencial. Há uma foto do candidato para cada partido da coligação e a imagem do presidente aparece em 13 espaços, ocupando toda a faixa superior do cartão.
O que está em jogo?
O regime de Nicolás Maduro ampliou os poderes presidenciais, que já eram fortes sob a gestão de Chávez. O Poder Judiciário, os governos locais, as instituições eleitorais e os militares estão sob o controle do Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV). Também aumentou a perseguição à mídia independente, com vários dos órgãos de imprensa tendo de operar fora do país. Na questão da repressão política, calcula-se que mais de 200 ativistas estejam na prisão hoje. No momento, seis opositores do regime estão abrigados na embaixada da Argentina em Caracas.
Quantos refugiados venezuelanos existem?
De acordo com dados do escritório do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), há 7,7 milhões de venezuelanos vivendo fora de seu país. Isso equivale a mais de 22% dos 34 milhões de habitantes que as autoridades venezuelanas projetavam no do último censo realizado em 2011. Caso os números estejam corretos, a onda migratória venezuelana é maior do que a da Síria (5 milhões de pessoas) e da Ucrânia (6,5 milhões), dois países que sofrem com guerras.
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Como está a economia?
Apesar de a economia da Venezuela ter crescido no 5% no ano passado e caminhar para avançar além disso neste ano – a projeção oficial está em torno de 8% – o PIB contraiu mais de 75% no geral desde que Maduro assumiu o poder, em 2013. A pobreza já chega a 90% da população e a taxa de inflação de quase 190% no ano passado foi uma das mais altas do mundo.
Quem disputa as eleições?
Apesar de 10 candidatos estrem na disputa, apenas o presidente Nicolás Maduro e o opositor González Urrutia têm reais chances de vencer. O opositor, na verdade, substitui a líder María Corina Machado, que venceu as prévias, mas foi impedida de concorrer pelo Judiciário. Nas eleições de 2005, 2018 e 2020, os partidos de oposição se abstiveram de participar das eleições em protesto contra as alegadas injustiças do processo. Com isso, eles viram minar sua participação em cargos eleitos na Assembleia Nacional em 2005 e 2020, o que causou um distanciamento dos eleitores.
Como foram as últimas eleições?
Em 2018, a coligação do presidente Maduro, liderada pelo PSUV recebeu 6,25 milhões de votos (67,84% do total), ante 1,927 milhão de votos recebidos por Henri Falcon (20,93%) dos válidos. O chamado Grupo de Lima – formado por Argentina, Canadá, Chile, Colômbia, Costa Rica, Guatemala, Guiana, Honduras, Panamá, Paraguai, Peru e Santa Lucia e México – considerou a reeleição de Maduro ilegítima. A disputa anterior foi mais acirrada, com Maduro vencendo Henrique Capriles por 50,61% dos votos válidos contra 49,12%. Em 2024, Maduro prometeu respeitar os resultados das urnas, mas chegou a dizer que o país poderia ter um “banho de sangue” caso a oposição vencer.
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(Fontes: Agência Brasil, AP, BBC, El Universal, El Nacional, Chatham House)