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O Irã começa nesta semana a se preparar para a eleição para substituir o presidente Ebrahim Raisi, cuja morte em um acidente de helicóptero pode complicar os esforços das autoridades para administrar uma tarefa de consequências ainda maiores –a sucessão do líder supremo.
Antes visto como um possível sucessor do aiatolá Ali Khamenei, o líder supremo responsável pela tomada de decisões no país, a morte repentina de Raisi desencadeou uma corrida para influenciar a escolha do próximo líder do Irã.
Khamenei, de 85 anos, busca um presidente ferozmente leal na eleição de 28 de junho para administrar o país no cotidiano e ser um aliado confiável que possa garantir a estabilidade, em meio a manobras sobre a eventual sucessão de seu próprio cargo, segundo informantes e analistas.
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“É provável que o próximo presidente seja um linha-dura inabalavelmente leal a Khamenei, com experiência na Guarda Revolucionária. Alguém com um histórico impecável e sem rivalidades políticas”, disse o analista Saeed Leylaz, de Teerã.
As inscrições para os candidatos serão abertas na quinta-feira, embora esse seja apenas o início de um processo em que os candidatos serão examinados pelo Conselho dos Guardiões, um órgão de vigilância que desqualifica os candidatos sem sempre divulgar o motivo.
Três especialistas familiarizados com o pensamento do alto escalão do establishment iraniano disseram que houve discussões entre os líderes sobre os méritos de várias maneiras de lidar com a disputa presidencial.
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“O resultado predominante foi que o principal (objetivo) deve ser garantir a eleição de um presidente que seja intensamente leal ao líder supremo e a seus ideais. Um baixo comparecimento às urnas inevitavelmente garantirá isso”, disse uma das fontes, que, como as outras, não quis ser identificada devido à sensibilidade do assunto.
Esse objetivo — a vitória de um presidente linha-dura capaz de moldar uma transição tranquila para o topo do poder quando Khamenei eventualmente morrer — apresenta, no entanto, um dilema para os clérigos governantes que administram a votação no próximo mês.
Para garantir que o vencedor seja um leal ferrenho a Khamenei, é provável que a próxima eleição seja dominada por clérigos da linha-dura com perspectivas semelhantes às dele, dizem os especialistas e analistas.
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Mas restringir a escolha na cédula provavelmente diminuirá o interesse dos eleitores e manterá o comparecimento baixo, desferindo um golpe indesejado no prestígio da República Islâmica de 45 anos.
Os críticos dizem que um baixo comparecimento ainda pode refletir o descontentamento com as dificuldades econômicas e as restrições sociais e políticas que impulsionaram meses de protestos desencadeados pela morte de uma jovem presa pela polícia da moralidade em 2022.