Líder da oposição venezuelana é libertada após ser detida em ato, dizem aliados

Mais cedo, segundo o partido da opositora, agentes do governo atacaram motos que transportavam Machado

Equipe InfoMoney

Líder da oposição venezuelana María Corina Machado fala com jornalistas, em Caracas (Foto: Leonardo Fernandez Viloria/Reuters)
Líder da oposição venezuelana María Corina Machado fala com jornalistas, em Caracas (Foto: Leonardo Fernandez Viloria/Reuters)

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María Corina Machado, líder da oposição venezuelana, foi libertada após ser detida ao sair de uma manifestação contra Nicolás Maduro, segundo aliados de seu partido.

Machado foi detida após um protesto contra o governo em Caracas, sua primeira aparição pública em meses, em meio a tiros, disse o movimento, acrescentando que durante sua detenção ela foi forçada a filmar vários vídeos.

O governo Maduro afirmou que a informação é uma “distração” criada pela direita.

Machado havia feito sua primeira aparição pública em cinco meses durante um ato em Chacao, na região metropolitana da capital da Venezuela.

Partidos de oposição marcaram uma série de protestos pelo país nesta quinta-feira, véspera da posse do novo governo de Nicolás Maduro.

A oposição e o partido governista travam uma disputa quanto à eleição presidencial do ano passado, na qual ambos os lados reivindicam vitória.

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A autoridade eleitoral e a principal corte do país afirmam que Maduro venceu a eleição de julho, embora nunca tenham publicado as atas eleitorais detalhadas.

O governo, que acusa a oposição de fomentar planos fascistas contra a administração, diz que vai prender o líder oposicionista Edmundo González caso ele volte ao país e tem detido importantes membros da oposição e ativistas antes da posse.

Não ficou imediatamente claro quem a deteve, embora o evento estivesse lotado de forças de segurança do governo. Segundo o jornal La Patilla, a ativista venezuelana Magalli Meda confirmou a detenção por agentes de segurança do regime chavista. De acordo com jornal, pelo menos 17 motocicletas cercaram o local onde ela estava.

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O regime negou as denúncias. “Uma invenção, uma mentira”, disse o ministro do Interior e Justiça da Venezuela, Diosdado Cabello, o número dois do chavismo.

Nesta quinta-feira, véspera da cerimônia de posse que coroa Maduro ao terceiro mandato consecutivo, Corina Machado convocou manifestações em Caracas e nos principais centros populacionais dos 23 Estados do país, em apoio a Edmundo González, que é reconhecido como presidente por vários governos após apresentar provas credíveis de sua vitória nas eleições de 2024. A opositora não era vista em público há quase cinco meses.

“Tentaram nos enfrentar e a Venezuela se uniu hoje e não temos medo… Ouçam bem: isso acabou!”, declarou a opositora enquanto participava do protesto no leste da capital. “Não temos medo”, gritou a multidão em resposta.

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Após seu discurso, o caminhão que a transportava começou a abrir caminho rapidamente para deixar o local, mas a multidão entusiasmada dificultou sua saída de Chacao, um bastião da oposição no leste de Caracas. Pouco depois, sua equipe denunciou sua detenção.

As ruas de Caracas amanheceram tomadas por forças de segurança fortemente armadas nesta quinta-feira. Dezenas de policiais e agentes de inteligência foram mobilizados em pontos de concentração da oposição, onde o chavismo também instalou palcos pomposos com música alta.

Durante a última semana, dezenas de detenções foram denunciadas na Venezuela. O regime anunciou na quarta-feira a captura de dois americanos. No mesmo dia, uma coalizão política de oposição denunciou a detenção de Enrique Márquez, candidato minoritário nas eleições de julho.

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A Casa Branca condenou o regime por tentar intimidar a oposição democrática na Venezuela e cobrou respeito ao direito de María Corina Machado de se expressar livremente.

Em um comunicado, a presidência de Javier Milei descreveu a detenção como “ataque criminoso do regime chavista”.

“O presidente Javier Milei pede aos demais governos da região que repudiem o atentado contra Corina Machado e exijam o fim do regime socialista que deixou milhões de venezuelanos na pobreza, exilados ou dependentes das esmolas da ditadura, criando um verdadeiro inferno na terra”, diz a nota.

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A Colômbia expressou preocupação com as violações de direitos humanos na Venezuela e as prisões de líderes da oposição. “O assédio sistemático aos líderes da oposição, incluindo María Corina Machado, levam o Governo colombiano a reiterar o apelo às autoridades venezuelanas para que respeitem plenamente os seus direitos”, diz a nota do ministério das Relações Exteriores. O país tentou mediar com Brasil e México uma saída para a crise política venezuelana, mas a ditadura de Nicolás Maduro ignorou os apelos por transparência nas eleições e as tentativas de negociação se mostraram infrutíferas.

O presidente do Panamá, José Raúl Mulino, exigiu através do X sua libertação, o “respeito à sua integridade pessoal” e responsabilizou o “regime ditatorial” por sua vida. Mulino reconheceu González, que recebeu no dia anterior em seu país, como presidente eleito, enquanto mantém suspensas as relações com Caracas.

O Governo da Espanha manifestou sua “preocupação” e “condenação total” pela detenção. “Perante a informação sobre a detenção de María Corina Machado, expressamos a nossa total condenação e a nossa preocupação”, denunciou o Ministério dos Negócios Estrangeiros espanhol num comunicado, exigindo que “a integridade” dos líderes da oposição seja “protegida e salvaguardada”.

(Com Estadão Conteúdo)