Líder da oposição diz que González obteve 70% dos votos na Venezuela

Oposição cobra mais dados de apuração de contestada eleição presidencial da Venezuela

Reuters

Manifestante de oposição protesta contra vitória declarada por Maduro em eleição na Venezuela - 
29/07/2024
(Foto: Alexandre Meneghini/Reuters)
Manifestante de oposição protesta contra vitória declarada por Maduro em eleição na Venezuela - 29/07/2024 (Foto: Alexandre Meneghini/Reuters)

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Líderes da oposição e observadores internacionais pediram nesta segunda-feira à Venezuela que divulgue detalhes dos resultados das eleições realizadas no domingo, que pesquisadores independentes consideraram implausíveis, depois que o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) declarou a reeleição do presidente Nicolás Maduro.

O CNE informou, pouco depois da meia-noite, que Maduro havia conquistado um terceiro mandato com 51% dos votos, sem fornecer os resultados detalhados. O Conselho culpou um ataque cibernético lançado da Macedônia do Norte pelo atraso na contagem.

No entanto, pesquisas independentes de boca de urna e uma contagem parcial da oposição com base nos registros públicos de votação apontaram para uma vitória decisiva do candidato rival, Edmundo González. A líder da oposição, María Corina Machado, que atraiu grandes multidões pelo país fazendo campanha para González, disse que ele obteve 70% dos votos.

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Uma pesquisa de boca de urna da Edison Research, que realiza pesquisas eleitorais nos Estados Unidos, mostrou que González obteve 65% dos votos, enquanto Maduro obteve 31%, com base em entrevistas nacionais com 6.846 eleitores em 100 locais de votação.

“Os resultados oficiais são tolos”, disse o vice-presidente executivo da Edison, Rob Farbman, à Reuters em um email.

Maduro descartou as alegações da oposição e dos institutos de pesquisa como uma tentativa de golpe depois que o CNE o proclamou formalmente na segunda-feira como presidente eleito para o mandato de 2025-2031, estendendo um quarto de século de governo socialista.

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Milhares de venezuelanos foram às ruas protestar. Os atos de violência e a negação dos resultados oficiais podem ser considerados crimes de “instigação pública”, disse o procurador-geral da Venezuela, Tarek Saab.

Apurações parciais

De acordo com a lei venezuelana, as testemunhas designadas para observar a contagem dos votos têm direito a uma cópia da contagem de cada máquina de votação.

No entanto, Machado disse na madrugada de segunda-feira que a oposição só havia conseguido obter cerca de 40% dos registros de votação. Algumas testemunhas foram impedidas de acompanhar as contagens e, em outros locais, as contagens não foram impressas, disse a oficial da oposição Delsa Solorzano na noite de domingo.

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O Ministério das Relações Exteriores do Brasil, que restabeleceu relações diplomáticas com a Venezuela no ano passado após a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, disse que a divulgação da contagem detalhada dos votos era “indispensável” para a “transparência, credibilidade e legitimidade do resultado da eleição”.

Os Estados Unidos foram além. “Ao se envolver em repressão e manipulação eleitoral, e ao declarar um vencedor sem os resultados detalhados das pesquisas de boca de urna… os representantes de Maduro tiraram qualquer credibilidade dos supostos resultados eleitorais que anunciaram”, disse aos repórteres um autoridade de alto escalão do governo Biden.

As contagens dos observadores que puderam acompanhar a contagem dos votos confirmaram a precisão das pesquisas de boca de urna, disse Ricardo Rios, chefe da empresa de análise Poder & Estrategia em Caracas.

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“O mais importante é que os registros confirmaram as proporções observadas na pesquisa de boca de urna”, disse ele.

Rios disse que as pesquisas de boca de urna realizadas por sua empresa fora das seções eleitorais tradicionalmente pró-governo mostraram a vitória da oposição mesmo nos redutos de Maduro, dando mais credibilidade às pesquisas pré-eleitorais que apontavam González à frente por uma margem de pelo menos 30 pontos percentuais.