Liberdade, imigração e anticomunismo: o que esperar da entrevista de Musk com Trump

Visões políticas entre o bilionário e o ex-presidente tem se aproximado nos último anos, conforme Elon Musk ficou mais ativo nas redes sociais; mas há divergências nos negócios, como nos carros elétricos

Roberto de Lira

Anúncio da entrevista ao vivo de Elon Musk com Donald Trump (Foto: Reprodução da Truth Social/ @realDonaldTrump)
Anúncio da entrevista ao vivo de Elon Musk com Donald Trump (Foto: Reprodução da Truth Social/ @realDonaldTrump)

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O bilionário Elon Musk anunciou para a noite desta segunda-feira (12) uma entrevista no X com o candidato republicano à Presidência dos Estados Unidos, Donald Trump, num evento que deve marcar a reconciliação definitiva entre os dois. Há muita expectativa porque ambos têm vários pontos em comum em suas visões de mundo, mas também algumas divergências de opinião que ficaram evidentes nos últimos anos.

Musk escreveu em sua conta na rede social – que tem mais de 193 milhões de seguidores – que não há roteiro nem limites de assuntos e convidou as pessoas a enviarem perguntas e comentários. “Deve ser muito divertido!”, escreveu.

Os temas que aproximam as duas figuras carismáticas e que devem dar o tom da conversa são a liberdade de expressão nas redes sociais, as críticas à alegada leniência da administração de Joe Biden com a imigração na fronteira Sul dos EUA e o risco da predominância de ideologias de esquerda.

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Ativismo político

Uma reportagem do The Washington Post mostrou uma virada no ativismo político do empresário desde que ele comprou o antigo Twitter: até 2021, um terço dos posts de Musk se relacionavam a negócios, com tema referentes às usas empresas Tesla e SpaceX. Isso continua, mas essa citações hoje são menos de metade do que forma no passado.

Neste ano, segundo o jornal, postagens política alarmistas sobre imigração e comentários negativos contra a ideologia progressista chamada de “woke” já representaram 17% de seu feed – eram 2% em 2021.

Musk chegou a reativar a conta de Trump no antigo Twitter, mas o ex-presidente preferiu continua nua sua própria rede, a Truth Social, onde também anunciou a entrevista de hoje.

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O pensamento político se aproximou, mas o tema do avanço dos carros elétrico ainda tem arestas a serem aparadas. Trump recuou de sua contrariedade à essa tecnologia recentemente, mas isso não significou um apoio irrestrito. E Musk tem grandes negócios com a China, um alvo constante do ex-presidente.

Tapas e beijos

Na verdade, a relação entre Musk e Trump tem mostrado muitas idas e vindas. O empresário de origem sul-africana encarna a figura do self-made-man que Trump costuma elogiar e sua visão de longo prazo já foi citada positivamente em diversas oportunidades no passado.

Mas, desde que se naturalizou norte-americano, em 2002, Musk afirmou ter votado com frequência nos democratas, algo que só mudou recentemente, quando ele primeiro endossou o governador da Flórida, Ron DeSantis nas primárias republicanas, e agora o próprio Trump, após o atentado na Pensilvânia.

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Musk chegou a integrar um conselho consultivo econômico no início da gestão de Trump, mas se afastou em 2017, quando os EUA saíram Acordo de Paris sobre mudanças climáticas.

As opiniões voltaram a convergir em 2020 quando o governo da Califórnia endureceu as medidas anti-Covid e o bilionário teve de fechar sua fábrica da Tesla por um período. Trump pediu a reabertura imediata.

Em 2021, Musk se afastou de vez dos democratas quando foi esnobado num evento sobre carros elétricos da Casa Branca. Embora a Tesla fosse a maior fabricante do segmento, só foram convidados executivos da GM, Ford e Stellantis, dona da Chrysler. Ao que parece, a presença do bilionário não agradaria ao poderoso sindicato United Auto Workers, um grande apoiador do partido.   

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Mas a aproximação de Musk se deu primeiro com DeSantis, com um apoio recheado de críticas a Trump, inclusive por sua idade avançada. O ex-presidente fez então em sua rede social seu último e mais feroz ataque a Musk.

“Quando Elon Musk veio à Casa Branca me pedindo ajuda em todos os seus muitos projetos subsidiados, sejam carros elétricos que não dirigem o suficiente, carros sem motorista que batem ou foguetes para lugar nenhum, que sem subsídios seriam inúteis, e me dizendo como ele era um grande fã de Trump e republicano, eu poderia ter dito, ‘caia de joelhos e implore’, e ele teria feito isso”, escreveu Trump.