Kremlin substitui chefe de agência espacial russa depois de fracasso de missão à Lua

O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, disse mais tarde que o Kremlin não tinha queixas contra Borisov e que sua remoção era uma questão de rotatividade

Reuters

Yuri Borisov, que chefiava a Roscosmos 23/03/2024 (Foto: REUTERS/Pavel Mikheyev)
Yuri Borisov, que chefiava a Roscosmos 23/03/2024 (Foto: REUTERS/Pavel Mikheyev)

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MOSCOU (Reuters) – O Kremlin demitiu o chefe da agência espacial russa nesta quinta-feira, após um mandato de menos de três anos marcado pelo fracasso espetacular da primeira missão russa à Lua em 47 anos.


Em um comunicado, o Kremlin disse que Yuri Borisov, que chefiava a Roscosmos desde julho de 2022, foi substituído por Dmitry Bakanov, um vice-ministro dos transportes que dirigia uma empresa de satélites antes de entrar para o governo.


O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, disse mais tarde que o Kremlin não tinha queixas contra Borisov e que sua remoção era uma questão de rotatividade.


“Essa corporação precisa se desenvolver de forma dinâmica, por isso existe a rotatividade”, disse Peskov.
Desde que o cosmonauta soviético Yuri Gagarin se tornou o primeiro homem a ir ao espaço em 1961, a Rússia tem se orgulhado de ser uma potência líder na exploração espacial. Mas suas ambições sofreram um duro golpe em agosto de 2023, quando sua missão não tripulada Luna-25 se chocou com a superfície da Lua ao tentar pousar.


Borisov, apesar desse fracasso, havia traçado planos ambiciosos para os próximos anos, enquanto a Rússia se prepara para lançar sua própria estação espacial orbital. O novo projeto substituirá a antiga Estação Espacial Internacional (ISS), na qual a Rússia tem colaborado estreitamente com os Estados Unidos, mesmo depois que as relações entraram em crise por causa da guerra na Ucrânia.


No ano passado, Borisov aprovou um cronograma segundo o qual os dois primeiros módulos da nova estação russa seriam lançados em 2027. A Rússia disse que planeja manter uma presença contínua de tripulação no espaço e conduzir projetos científicos, econômicos e relacionados à segurança que não eram possíveis no segmento russo da ISS.

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As potências mundiais estão competindo não apenas para explorar o espaço, mas também para potencialmente implantar armas nele. Com a iminência da expiração, em 2026, do último grande acordo entre a Rússia e os EUA que limita o número de armas nucleares, cada lado tem acusado o outro de planos para desencadear uma corrida armamentista no espaço.


Borisov, o chefe que está deixando o cargo, atuou anteriormente como vice-ministro da Defesa sob o comando de Sergei Shoigu, que no ano passado foi substituído pelo presidente Vladimir Putin e assumiu uma nova função como secretário do Conselho de Segurança da Rússia.


Seu substituto, Bakanov, é o ex-diretor de uma empresa chamada Gonets, que opera um sistema de comunicações por satélite russo semelhante ao Starlink dos EUA, mas muito menor em tamanho e usado principalmente para fins governamentais.

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A empresa era a parceira russa na OneWeb, um projeto global de comunicações por satélite. A Rússia havia planejado participar ativamente da OneWeb, mas se retirou em 2018 depois que a agência de inteligência FSB disse que era uma ameaça à segurança nacional.