Kamala tem propostas socialistas e Trump pode invadir a Venezuela, diz Jakurski 

Os gestores expressaram preocupação em relação as eleições nos EUA, pensando nos impactos para os mercados e as relações comerciais

Monique Lima

André Jakurski, sócio-fundador e diretor executivo da JGP 
(Foto: Divulgação/Expert XP)
André Jakurski, sócio-fundador e diretor executivo da JGP (Foto: Divulgação/Expert XP)

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A eleição presidencial nos Estados Unidos está completamente em aberto e André Jakurski, sócio-fundador e diretor executivo da JGP, afirma que está com dificuldades para fazer previsões e visualizar o que poderá acontecer.  

Em painel na Expert XP, neste sábado (31), o gestor diz que um dos cenários que pode ser positivo para o mercado de capitais é o Congresso e o Senado terem maioria partidária oposta ao do presidente eleito, isso porque “limita a incerteza sobre as maluquices que podem ser feitas”.

Para ele, Kamala Harris tem um plano de governo socialista, baseado em aumento de impostos brutais por ganho de capital, sobre pessoas físicas e pequenas empresas, “uma loucura”, na sua opinião. “Uma plataforma socialista de verdade, muito pior na margem”, diz Jakurski. 

Porém, Donald Trump não seria uma alternativa melhor. “Trump é imprevisível, ele pode fazer alguma coisa maluca, como querer invadir a Venezuela. Ele pode fazer qualquer coisa”, disse o gestor.  

O sócio-fundador da JGP acredita que a qualidade dos políticos piorou nos últimos anos. “O preparo deles é pior, as ideologias são mais anticapitalistas e tudo isso compromete o que pode ser bom para os mercados”.

No mesmo painel, Rodrigo Azevedo, diretor de investimentos e gestor da Ibiúna, afirmou que, pensando em Bolsa, ele acredita que o mercado teria uma visão mais otimista em relação a uma vitória republicana.  

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A plataforma trumpista, entretanto, é a mais inflacionária para o gestor, diminuindo a capacidade do Federal Reserve (banco central dos EUA) de cortar juros a partir do próximo ano e impulsionando o dólar de forma altista. “Vai atrair capital e o dólar ficar mais forte”, afirma.  

Por outro lado, a vitória democrata seria o oposto: mais chances de queda dos juros, depreciação do dólar e menor crescimento econômico nos Estados Unidos.  

Mas nenhum dos dois gestores deu certeza sobre suas visões, afirmando repetidas vezes que a situação é bastante imprevisível. “É um período que eu acho que tem que navegar com muita cautela, porque a visibilidade de verdade só virá depois da eleição, não por quem ganhou a Presidência, mas pela formação do Senado e Congresso”, diz Azevedo. 

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Caso China  

Jakurski destacou um cenário temeroso a mais em caso de vitória do republicano Donald Trump nos EUA: a deterioração da relação com a China.  

Para ele, a China está em um momento de extrema fraqueza econômica, mas tem um trunfo em relação aos Estados Unidos, que é a exportação de matérias-primas cruciais para o desenvolvimento tecnológico do país.  

“As pessoas têm que se conscientizar que a China é a grande fábrica do mundo. Se amanhã o país decidir não exportar germânio ou gálio, o ocidente não vai fazer mais semicondutores”, afirmou o gestor da JGP. 

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Segundo ele, recentemente o país de Xi Jinping já diminuiu suas exportações de alguns materiais para mandar um alerta para os EUA pela restrição de exportação de semicondutores mais eficazes para o oriente.   

“A China está com a faca e o queijo na mão, nesse aspecto. Ela tem condições de desligar setores da economia americana se quiser racionar a exportação”, afirmou no painel do evento.  

A reeleição do Trump seria um agravante, visto que o ex-presidente mantém um discurso combativo em relação ao país asiático. “São uma série de variáveis imponderáveis”.