Jurados do julgamento de Trump encerram primeiro dia de deliberações sem veredicto

Os 12 jurados e seis suplentes devem retornar ao tribunal de Nova York às 10h30 na quinta-feira (30)

Reuters

O ex-presidente dos EUA, Donald Trump, acompanhado pelos advogados Todd Blanche e Emil Bove, em julgamento criminal no Tribunal Criminal de Manhattan, em Nova York, NY
29/05/2024
Jabin Botsford/Pool via REUTERS
O ex-presidente dos EUA, Donald Trump, acompanhado pelos advogados Todd Blanche e Emil Bove, em julgamento criminal no Tribunal Criminal de Manhattan, em Nova York, NY 29/05/2024 Jabin Botsford/Pool via REUTERS

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Os jurados do julgamento de Donald Trump sobre o caso de suborno encerraram seu primeiro dia de deliberações a portas fechadas nesta quarta-feira (29) sem chegar a um veredicto que decidirá o destino do único presidente dos EUA a ser indiciado por um crime.

Os 12 jurados e seis suplentes devem retornar ao tribunal de Nova York às 10h30 (horário de Brasília) na quinta-feira (30) para avaliar as provas e os depoimentos das testemunhas que viram e ouviram durante as cinco semanas de julgamento.

Não estava claro quando eles chegariam a um veredicto.

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Trump, de 77 anos, é acusado de falsificar documentos comerciais para encobrir um pagamento de US$ 130 mil pouco antes da eleição presidencial de 2016 para silenciar a estrela pornô Stormy Daniels, que alegou ter tido um encontro sexual.

Trump se declarou inocente e nega ter tido um relacionamento com ela. Ele deixou a sala de audiências ignorando as perguntas dos repórteres.

No final do dia, os jurados pediram ao juiz Juan Merchan as transcrições dos depoimentos de duas testemunhas: o ex-advogado de Trump Michael Cohen, que testemunhou que Trump estava ciente do pagamento e trabalhou para encobri-lo, e o ex-editor do tabloide National Enquirer, David Pecker, que testemunhou sobre seus esforços para enterrar histórias que poderiam ter prejudicado a candidatura de Trump.

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Eles também disseram a Merchan que queriam que ele repetisse as instruções detalhadas que lhes havia dado no início do dia para orientar suas deliberações.

Não ficou claro se os jurados queriam ouvir todas essas instruções novamente ou apenas uma parte delas.

Qualquer veredicto requer a concordância unânime de todos os 12 jurados. O juiz declarará a anulação do julgamento se eles não conseguirem resolver suas diferenças.

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Trump, um republicano, classifica o julgamento como uma tentativa de minar seu esforço para retomar a Casa Branca do presidente democrata Joe Biden na eleição de 5 de novembro.

“Madre Teresa não conseguiria vencer essas acusações”, disse ele aos repórteres do lado de fora do tribunal, referindo-se à falecida ganhadora do Prêmio Nobel da Paz. “A coisa toda é manipulada.”

Pouco antes do início das deliberações, Merchan disse aos jurados que fizessem um exame minucioso do depoimento de Cohen já que ele foi cúmplice dos pagamentos no centro do caso. Cohen foi o solucionador de problemas e advogado particular de Trump por cerca de uma década, até que eles se desentenderam.

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Cohen testemunhou que pagou os US$ 130 mil dólares de seu próprio bolso para evitar que Daniels contasse aos eleitores sobre o suposto encontro sexual com Trump que, segundo ela, ocorreu 10 anos antes da eleição de 2016.

Cohen testemunhou que Trump aprovou o pagamento e concordou, após a eleição, com um plano para reembolsar Cohen por meio de parcelas mensais disfarçadas de honorários advocatícios.

Os advogados de Trump argumentaram que os jurados não podem confiar que Cohen, um criminoso condenado com um longo histórico de mentiras, dirá a verdade.

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Os promotores afirmam que mensagens de voz, emails e outras evidências corroboram o depoimento de Cohen.

Os promotores do escritório do procurador distrital de Manhattan, Alvin Bragg, enfrentam o ônus de provar a culpa de Trump “além de qualquer dúvida razoável”, o padrão segundo a lei dos EUA.

Eles afirmam que o pagamento a Daniels poderia ter contribuído para a vitória de Trump em 2016 sobre a democrata Hillary Clinton ao manter uma história pouco lisonjeira longe dos olhos do público.

Uma condenação não impedirá Trump de tentar retomar a Casa Branca. Tampouco o impedirá de assumir o cargo, caso vença.

Pesquisas de opinião mostram Trump e Biden em uma disputa apertada. Mas pesquisa Reuters/Ipsos mostrou que um veredicto de culpado poderia causar impacto entre eleitores de Trump independentes e alguns republicanos.

Trump pode pegar até quatro anos de prisão se for considerado culpado, mas aqueles que são considerados culpados do crime do qual ele é acusado são mais frequentemente multados ou recebem liberdade condicional. Caso condenado, a expectativa é que ele recorra.

Trump enfrenta três outros processos criminais, mas não há expectativa de que eles cheguem a julgamento antes da eleição de 5 de novembro.

Integrantes da campanha de Biden dizem que qualquer veredicto não terá impacto substancial na dinâmica da eleição.