Japonês que passou 46 anos no corredor da morte é absolvido de assassinatos

Iwao Hakamada foi considerado inocente do assassinato de 1966 de seu chefe e sua família após um novo julgamento ser ordenado há uma década

Equipe InfoMoney

Iwao Hakamada, 88 anos, sai de casa para sua caminhada diária em Hamamatsu, no Japão central, em 26 de setembro de 2024, nesta foto tirada pela Kyodo. Crédito obrigatório: Kyodo/via REUTERS
Iwao Hakamada, 88 anos, sai de casa para sua caminhada diária em Hamamatsu, no Japão central, em 26 de setembro de 2024, nesta foto tirada pela Kyodo. Crédito obrigatório: Kyodo/via REUTERS

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Iwao Hakamada, um japonês de 88 anos, foi considerado inocente de múltiplos assassinatos em um julgamento que levantou questionamentos sobre o uso da pena de morte no Japão. Hakamada passou quase meio século no corredor da morte — acredita-se que ele detém o recorde mundial de mais tempo nessa condição.

Em 1968, Hakamada foi condenado à morte após ser considerado culpado pelo assassinato de seu chefe, sua esposa e seus dois filhos adolescentes, além de ter incendiado a casa da família. Desde então, ele sempre alegou ser inocente, afirmando que a polícia o forçou a confessar e que as provas contra ele foram fabricadas.

Hakamada, ex-boxeador profissional, foi libertado em 2014, quando novas provas surgiram e um novo julgamento foi ordenado. O juiz responsável pelo caso, Koshi Kunii, reconheceu que três provas, incluindo a “confissão” de Hakamada, foram manipuladas, criticando os “interrogatórios desumanos” que ele sofreu.

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Antes do veredicto desta quinta-feira (26), a irmã de Hakamada, Hideko, expressou esperança de que a batalha judicial finalmente chegasse ao fim. Ela tem lutado incansavelmente por justiça para o irmão, cuja saúde física e mental se deteriorou durante os anos na prisão.

O veredicto foi um alívio para Hakamada, que não estava presente na decisão e foi representado pela irmã. A absolvição é um marco importante em um caso que se tornou emblemático para os opositores da pena de morte no Japão.

O tribunal superior de Tóquio havia inicialmente decidido não reabrir o caso, mas reverteu essa decisão após ordens do tribunal supremo japonês. Centenas de apoiadores se reuniram do lado de fora do tribunal, esperando garantir um lugar na galeria e segurando faixas pedindo a absolvição de Hakamada.

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Ativistas afirmaram que a experiência de Hakamada expôs falhas significativas no sistema de justiça criminal do Japão e a crueldade da pena de morte. No Japão, prisioneiros do corredor da morte são notificados de suas execuções apenas horas antes e não têm a oportunidade de se comunicar com advogados ou familiares.

A pena de morte continua a ter forte apoio público no Japão, com uma pesquisa de 2019 mostrando que 80% dos entrevistados consideravam a pena capital “inevitável”. O caso de Hakamada é apenas um dos muitos exemplos do que críticos chamam de “sistema de justiça refém” no Japão, onde suspeitos frequentemente enfrentam longos períodos de detenção e intimidação durante os interrogatórios.

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