Israel intensifica combate com o Hezbollah no Líbano; EUA expandem tropas na região

O Pentágono enviará tropas e mais caças para o Oriente Médio em uma tentativa do governo Biden para evitar que o conflito desencadeie uma guerra regional

Equipe InfoMoney

Tropas de Israel na fronteira sul do Líbano (Foto: REUTERS/Jim Urquhart)
Tropas de Israel na fronteira sul do Líbano (Foto: REUTERS/Jim Urquhart)

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As tropas de Israel intensificaram na noite de segunda-feira (30) uma campanha para enfraquecer o grupo militante Hezbollah no Líbano, aumentando os riscos de um conflito regional mais amplo no Oriente Médio. O exército israelense começou o que Israel descreveu como “incursões terrestres direcionadas” pouco antes da meia-noite de ontem, horário local.

Autoridades israelenses afirmaram que as tropas cruzaram a fronteira sul do Líbano, mas Beirute nega. Ao jornal The Washington Post, um oficial militar libanês disse que, apesar dos relatos israelenses, as forças de Netanyahu ainda não cruzaram o território libanês. A fonte disse, no entanto, segundo a publicação, que “este é um momento crítico”.

A mídia libanesa relatou intensos bombardeios nas vilas de Kfar Kila, Odeisseh e Khiyam, logo após a fronteira. Também houve explosões na cidade costeira de Ras Naqoura, e o exército israelense afirmou ter realizado ataques aéreos “direcionados” nos subúrbios ao sul de Beirute.

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Em meio a apelos por moderação dos EUA, Reino Unido e países árabes, Israel enfatizou que suas operações terrestres seriam “limitadas”, sugerindo que não pretende avançar profundamente no Líbano ou ocupar território por muito tempo. As incursões seguem dias de intensos ataques aéreos destinados a eliminar a liderança do Hezbollah e destruir seus estoques de armas.

Os EUA disseram que “concordam com a necessidade de desmantelar a infraestrutura de ataque” próxima à fronteira israelense. O Pentágono afirmou que isso impediria o Hezbollah de realizar ataques semelhantes ao do grupo militante palestino Hamas, ocorrido em 7 de outubro do ano passado, que desencadeou a guerra em Gaza.

Os ataques aéreos e terrestres de Israel deve agravar a turbulência econômica e política que aflige o Líbano há anos. O país está sob um governo interino devido ao fracasso das negociações para eleger um novo presidente, a inflação está em 35% e o país está inadimplente em dezenas de bilhões de dólares em títulos internacionais.

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Aumento de tensões

Potências ocidentais e árabes estão preocupadas que Israel possa se ver envolvido em combates prolongados durante as incursões. Embora possua larga superioridade militar, há o risco de que o país seja arrastado para uma luta prolongada e para a criação de outra “zona de segurança” de longo prazo — termo utilizado por Israel para sua ocupação do sul do Líbano entre 1982 e 2000. Isso, por sua vez, poderia desencadear uma guerra regional mais ampla envolvendo o Irã, principal apoiador do Hezbollah.

A liderança e as instalações do Hezbollah foram duramente atingidas pelos ataques aéreos israelenses nas últimas semanas. Na sexta-feira, seu líder de longa data, Hassan Nasrallah, foi morto em um ataque em Beirute. O exército israelense acredita ter eliminado todos, exceto um, dos 11 principais comandantes do Hezbollah.

Embora Israel diga que o ataque é limitado, disse Randa Slim, pesquisadora sênior do Middle East Institute, à Bloomberg, nesta terça-feira (1) “o outro lado, o Hezbollah, também terá voz em definir que tipo de guerra será, quão limitada será, quão sangrenta será e quanto tempo durará.”

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Em 1982, Israel enviou tropas ao Líbano para enfrentar militantes em uma operação que deveria ser curta. No entanto, acabou ocupando partes do sul do Líbano por 18 anos, sofrendo inúmeras baixas nesse processo.

Israel está tentando garantir que as dezenas de milhares de israelenses deslocados pelos ataques do Hezbollah no ano passado possam voltar para casa. O governo do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu estabeleceu isso como um objetivo oficial de guerra no início deste mês.

EUA ampliam tropas na região

O Pentágono enviará alguns milhares de tropas americanas adicionais e mais caças para o Oriente Médio, disseram autoridades de defesa dos EUA na segunda-feira, como parte da luta do governo Biden para evitar que o conflito entre Israel e os representantes do Irã desencadeie uma guerra regional.

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As forças, que também incluem unidades de defesa aérea, aumentarão as dezenas de milhares de militares americanos já em alerta máximo na região, disse Sabrina Singh, porta-voz do Pentágono.

Segundo Singh, para aumentar ainda mais o contingente no Oriente Médio, o Pentágono estenderá algumas unidades implantadas que estavam programadas para retornar para casa e enviará forças adicionais, incluindo esquadrões que voam caças F-16, F-15E e F-22 e jatos de ataque A-10.

Negociações de trégua

Enquanto o conflito em Gaza contra o Hamas continua e as negociações de trégua permanecem estagnadas, a intensidade dos combates diminuiu à medida que os militantes palestinos — também apoiados pelo Irã — sofreram pesadas perdas. Isso permitiu que Israel concentrasse mais suas forças no Hezbollah.

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A operação terrestre no Líbano começou uma semana antes do aniversário de um ano do ataque do Hamas ao sul de Israel, que matou 1.200 pessoas e resultou no sequestro de 250. Cerca de 100 pessoas ainda estão em poder do Hamas.

A campanha aérea e terrestre de Israel em Gaza já matou mais de 41.000 palestinos, segundo o Ministério da Saúde controlado pelo Hamas no território, alimentando uma indignação generalizada na região e em outras partes do mundo.

O presidente dos EUA, Joe Biden, queria evitar uma incursão terrestre no Líbano e, na semana passada, anunciou um plano — em conjunto com a França — para um cessar-fogo de 21 dias entre Israel e Hezbollah. No entanto, Netanyahu adotou um tom desafiador na sexta-feira, quando discursou nas Nações Unidas em Nova York, afirmando que Israel não tinha “outra escolha” senão continuar com seus ataques militares.

Horas depois, Nasrallah foi morto em um ataque ordenado por Netanyahu.

(Com Bloomberg, New York Times e Washington Post)

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