Israel dá nova ordem de retirada em Gaza e esperanças de cessar-fogo diminuem

Militares israelenses pediram aos residentes de alguma áreas que se deslocassem imediatamente para o oeste, pois a área em que se encontram é "considerada uma zona de combate perigosa"

Reuters

Funeral de palestinos mortos por ataques de Israel em Khan Younis - 26/8/2024 (Foto: Mohammed Salem/Reuters)
Funeral de palestinos mortos por ataques de Israel em Khan Younis - 26/8/2024 (Foto: Mohammed Salem/Reuters)

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Cairo/Gaza (Reuters) – Israel emitiu novas ordens de retirada para Deir Al-Balah, no centro da Faixa de Gaza, no final do domingo (26), forçando mais famílias a fugir, dizendo que suas forças pretendiam agir contra o grupo militante Hamas e outros que operam na região.

Nos últimos dias, Israel divulgou várias ordens de retirada em toda a Faixa de Gaza, o maior número desde o início da guerra de 10 meses, provocando um clamor dos palestinos, das Nações Unidas e das autoridades de assistência sobre a redução das zonas humanitárias e a ausência de áreas seguras.

O município de Deir Al-Balah diz que as ordens de retirada israelenses já deslocaram 250.000 pessoas até o momento.

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Em uma declaração publicada no X, os militares israelenses pediram aos residentes de determinadas zonas que se deslocassem imediatamente para o oeste, pois a área em que se encontram é “considerada uma zona de combate perigosa”.

Os ataques militares israelenses mataram pelo menos sete palestinos na segunda-feira, segundo médicos. Dois foram mortos em Deir Al-Balah, onde cerca de um milhão de pessoas estavam abrigadas, dois morreram em uma escola no campo de Al-Nuseirat e três na cidade de Rafah, ao sul, perto da fronteira com o Egito.

Mais tarde nesta segunda-feira um ataque israelense a uma barraca na costa da Cidade de Gaza matou seis palestinos e feriu várias outras pessoas, disseram médicos à Reuters.

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As novas ordens forçaram muitas famílias e pacientes a deixar o Hospital Al-Aqsa, a principal instalação médica em Deir Al-Balah, onde centenas de milhares de moradores e pessoas deslocadas se abrigaram, por medo de bombardeios. O hospital fica próximo à área coberta pelo aviso de retirada.

A entidade Médicos Sem Fronteiras (MSF) disse em um comunicado no X na noite de domingo que uma explosão a aproximadamente 250 metros de distância do Hospital Al-Aqsa, apoiado pelo MSF, provocou pânico.

“Como resultado, MSF está considerando a possibilidade de suspender o tratamento de feridos por enquanto, ao mesmo tempo em tenta manter o tratamento que salva vidas”.

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De cerca de 650 pacientes, apenas 100 permanecem no hospital, com sete na unidade de terapia intensiva, disse, citando o Ministério da Saúde de Gaza.

Impasse diplomático

A escalada ocorre com pouca esperança de um fim à vista para a guerra, já que a diplomacia dos mediadores, Catar, Egito e Estados Unidos, até agora, não conseguiu fechar a brecha entre Israel e o Hamas, cujos líderes trocaram acusações sobre a responsabilidade pela falta de acordo.

Hamas e Israel não concordaram com vários compromissos apresentados pelos mediadores nas conversações no Cairo no domingo, disseram duas fontes de segurança egípcias.

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Uma autoridade sênior dos EUA, no entanto, descreveu as conversações como “construtivas”, dizendo que foram conduzidas com o espírito de que todos os lados chegariam a “um acordo final e implementável”.

Osama Hamdan, representante do Hamas, afirmou que o grupo rejeitou as novas condições impostas por Israel durante as negociações, das quais o grupo não participou, e acrescentou que os comentários dos EUA sobre um acordo de cessar-fogo iminente eram falsos e tinham como objetivo servir a propósitos eleitorais.

O presidente dos EUA, Joe Biden, e seu governo têm enfrentado protestos crescentes nos EUA sobre a ajuda a Israel antes das eleições de novembro.

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Mais de 40.400 palestinos foram mortos na guerra, de acordo com o Ministério da Saúde de Gaza. O enclave lotado foi devastado e a maioria de seus 2,3 milhões de habitantes foi deslocada várias vezes e enfrenta escassez aguda de alimentos e medicamentos, segundo as agências humanitárias.

A guerra foi desencadeada pelo ataque do Hamas a Israel em 7 de outubro, que matou 1.200 pessoas, de acordo com cálculos israelenses, e mais de 250 foram feitas reféns.