Ipsos: Kamala gerou mais energia nas eleições dos EUA, mas questão é se efeito durará

Em painel na Expert XP, Cliff Young comentou que é possível que efeito de "energia" de Kamala seja medido nas próximas pesquisas

Camille Bocanegra

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O efeito da energia da candidata democrata à presidência dos EUA Kamala Harris ainda não foi medida em pesquisas, mas pode até mesmo não durar, segundo Cliff Young, presidente de polling da Ipsos nos EUA. Young participou do painel “Eleições nos EUA: qual o impacto nos mercados” na Expert XP 2024. O painel contou com a participação também de Bruno Waga, sócio e gestor de ações globais no Opportunity, acompanhado por Sol Azcune, analista política da XP, e Victor Scalet, estrategista macro da XP.

De acordo com Cliff, a grande mudança da chegada de Kamala Harris à disputa eleitoral foi a injeção de energia que o pleito ganhou. Antes, a disputa era entre dois homens brancos, mais velhos, em um cenário visto até mesmo como desgastado. “Havia muito pouca energia e nos últimos tempos, (…) no último mês, mudou tudo”, considera.

A presença da nova candidata americana será, contudo, melhor avaliada em novas pesquisas, uma vez que as atuais ainda não refletiriam o que ela pode ainda angariar do eleitorado. Apesar do entusiasmo presente na mudança para Kamala, o presidente de polling do Ipsos tem dúvidas quanto à durabilidade do efeito, em especial em relação à vantagem que a candidata democrata apresenta em relação à Donald Trump (margem de 3, 4 pontos a mais que o republicano, em cenário oposto ao apresentado por Biden).

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Cliff comenta que um dos esforços da campanha da candidata tem sido justamente para garantir alguns grupos historicamente democratas, mas que se afastaram por frustração com a gestão de Biden. Os avanços que Harris estaria obtendo desde já na campanha seriam muito superiores aos garantidos por Trump, que estaria ainda com presença dentro da já esperada base mas sem capacidade de conversão de novos grupos.

“A campanha da Harris é muito mais focada nesse momento, abordando as questões principais, inclusive a economia, ela está pegando uma linha mais populista, como o populismo brasileiro mesmo”, comenta.

Ainda assim, a vantagem de Trump seria o chamado “domínio de fundamentos”, que consistiria em oferecer, de fato, soluções para problemas como inflação. Hoje, esta é a principal questão que preocuparia o eleitorado americano e não foi resolvido no governo Biden.

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O fundamental seria, na visão de Cliff, observar a movimentação das pesquisas nas próximas semanas. O efeito poderia ser parecido com o visto no Brasil na eleição que culminou na vitória de Luís Luiz Inácio Lula da Silva contra Jair Bolsonaro. “O que Lula fez, e fez bem, foi martelar esses temas principais ao longo do segundo turno o tempo todo. Então, nós temos que olhar essas campanhas e entender até que ponto estão alinhadas com os problemas do eleitor norte-americano”, comentou.

Para Waga, dentre os dois candidatos, Trump poderia parecer oferecer maior impacto para o mercado. “Se a gente já não o conhecesse, provavelmente estaria um pouco nervoso com algumas das declarações”, comenta. No entanto, em termos práticos, Trump como um cara “que senta com as pessoas certas e ouve opiniões”. Já Kamala figuraria como uma continuação da gestão Biden.