Guarda do Irã proíbe dispositivos de comunicação após explosões contra Hezbollah

Autoridades de segurança afirmaram que uma operação está em andamento para inspecionar todos os dispositivos, não apenas pagers e walkie-talkies

Reuters

Pessoa é levada a hospital em Beirute após explosão de pagers - 17/9/2024 (Foto: Mohamed Azakir/Reuters)
Pessoa é levada a hospital em Beirute após explosão de pagers - 17/9/2024 (Foto: Mohamed Azakir/Reuters)

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(Reuters) – A Guarda Revolucionária do Irã (IRGC) ordenou que todos os membros parem de usar qualquer tipo de dispositivo de comunicação depois que milhares de pagers e walkie talkies usados por seus aliados do Hezbollah no Líbano explodiram em ataques mortais na semana passada, disseram à Reuters duas autoridades de segurança iranianas.

Uma das autoridades afirmou que uma operação em larga escala está em andamento pela IRGC para inspecionar todos os dispositivos, não apenas os equipamentos de comunicação. Ele disse que a maioria desses dispositivos é de fabricação caseira ou importada da China e da Rússia.

O Irã está preocupado com a infiltração de agentes israelenses, incluindo iranianos na folha de pagamento de Israel, e uma investigação minuciosa do pessoal já começou, tendo como alvo membros de médio e alto escalão da IRGC, acrescentou a fonte, que não quis ser identificada devido à sensibilidade do assunto.

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“Isso inclui o exame minucioso de suas contas bancárias no Irã e no exterior, bem como seu histórico de viagens e o de suas famílias”, disse a autoridade de segurança.

Os Ministérios das Relações Exteriores, da Defesa e do Interior do Irã não estavam imediatamente disponíveis para responder aos comentários feitos pelas autoridades de segurança à Reuters.

Em um ataque coordenado, os dispositivos de pager foram detonados na terça-feira (17) em todas as sedes do Hezbollah. Na quarta-feira (18), centenas de walkie talkies do Hezbollah explodiram. Os ataques mataram 39 pessoas e feriram mais de 3.000 pessoas.

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O Líbano e o Hezbollah dizem que Israel está por trás dos ataques. Israel não negou nem confirmou envolvimento.

O oficial de segurança não quis dar detalhes sobre como a força da IRGC, composta por 190.000 pessoas, está se comunicando. “Por enquanto, estamos usando criptografia de ponta a ponta nos sistemas de mensagens”, disse ele.

De acordo com o mesmo oficial, há uma preocupação generalizada entre o establishment governamental do Irã. As autoridades da IRGC entraram em contato com o Hezbollah para obter avaliações técnicas, e vários exemplos de dispositivos explodidos foram enviados a Teerã para serem examinados por especialistas iranianos.

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Outra autoridade iraniana disse que a principal preocupação da República Islâmica é a proteção das instalações nucleares e de mísseis do país, especialmente as subterrâneas.

“Mas desde o ano passado, as medidas de segurança nesses locais aumentaram significativamente”, declarou ele em referência às medidas intensificadas após o que as autoridades iranianas disseram ser a tentativa de Israel de sabotar o programa de mísseis do Irã em 2023. Israel nunca comentou sobre isso.

“Nunca houve uma segurança tão rígida e medidas extremas como agora”, acrescentou ele, sugerindo que a segurança foi significativamente aumentada além dos níveis anteriores após as explosões de pagers no Líbano.

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A IRGC é uma poderosa força política, militar e econômica no Irã, com laços estreitos com o líder supremo Ali Khamenei. Criada após a Revolução Islâmica de 1979 para proteger o sistema de governo clerical, ela tem sua própria força terrestre, marinha e força aérea que supervisiona as armas estratégicas do Irã.