Greve de caminhoneiros na Colômbia contra reajuste no diesel entra no 3º dia

Governo de Gustavo Petro mexeu no subsídio dos combustíveis e anunciou reajustes, motivando os protestos; há bloqueios em estradas, paralisação do transporte público e impactos no trânsito e abastecimento

Roberto de Lira

Trânsito durante protesto de caminhoneiros que bloquearam estradas devido ao aumento do preço do diesel, em Bogotá, Colômbia, - 04 /09/2024 (Foto: Nathalia Angarita/Reuters)
Trânsito durante protesto de caminhoneiros que bloquearam estradas devido ao aumento do preço do diesel, em Bogotá, Colômbia, - 04 /09/2024 (Foto: Nathalia Angarita/Reuters)

Publicidade

A Colômbia entrou hoje em seu terceiro dia de uma greve de caminhoneiros à qual já se juntaram motoristas de ônibus, taxistas e motociclistas, todos insatisfeitos com os sucessivos  aumentos nos preços dos combustíveis, especialmente do diesel. Os bloqueios de estradas e vias de acesso, que incluem a capital Bogotá, ameaçam boa parte do setor produtivo do país e afetam o transporte público.

Ainda que o Ministério dos Transportes esteja mantendo diálogos e negociações com representantes do setor, não há solução à vista para o impasse. Segundo a agência EFE, até o momento o presidente Gustavo Petro não falou a respeito, mas espera que se chegue a um consenso o mais rápido possível.

A gasolina na Colômbia é subsidiada pelo Fundo de Estabilização do Preço dos Combustíveis (FEPC), gerenciado pelo Ministério das Finanças, que anunciou reajuste no final de agosto. O preço do diesel deve subir 6.000 pesos (cerca de US$ 1,40) entre este ano e o próximo, com a previsão de três reajustes semestrais de 2.000 pesos (US$ 0,48) cada.

LISTA GRATUITA

Ações Fora do Radar

Garanta seu acesso gratuito a lista mensal de ações que entregou retornos 5x superior ao Ibovespa

O subsídio significa que a Colômbia tinha uma das gasolinas mais baratas da América Latina, com um preço por galão de 9.380 pesos (cerca de US$ 2,24) e que hoje já é superior a 15.000 pesos (US$ 3,50 dólares). Desde que o reajuste foi anunciado, o preço do diesel não havia sido tocado, o que mudou no último fim de semana.

As mudanças estão no âmbito do decreto 763, que regulamentou o preço do diesel para grandes consumidores, como empresas de petróleo, mineração e cimento, algo que não se aplica a postos de gasolina ou distribuidores varejistas.

O jornal El Tiempo contabilizou nesta quinta-feira ao menos 18 pontos de bloqueios ativos apenas em Bogotá e seis estações do sistema de transporte público integrado com as portas fechadas.

Continua depois da publicidade

Apenas na quarta-feira, mais de dois milhões de usuários do Transmilenio foram afetados e centenas de milhares de pessoas sofreram complicações durante o retorno do trabalho para casa.

De acordo com o jornal El Espectador, no departamento de Cundinamarca, o governador Jorge Emlio Rey disse que há 43 pontos de bloqueios nas estradas, a maioria deles concentrados nas vias de acesso à capital. Além disso,  43 municípios dos 116 do departamento cancelaram as aulas nas escolas públicas. Estima-se que cerca de 125.000 alunos ficarão sem aulas hoje.

Embora ainda não se fale em escassez, a entrada de alimentos de Boyacá, Santander e Tolima diminuiu consideravelmente.