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O Parlamento de Portugal deve derrubar o governo minoritário de centro-direita do primeiro-ministro Luís Montenegro em uma votação de confiança nesta terça-feira (11), o que provavelmente levará à terceira eleição antecipada do país em pouco mais de três anos.
A votação de confiança, programada para ocorrer após um debate que começa às 15h (horário de Lisboa), acontece em meio a especulações sobre possíveis conflitos de interesse relacionados a uma empresa da família de Montenegro. O primeiro-ministro convocou a votação para esclarecer se seu governo minoritário tem “todas as condições” para implementar seu programa.

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O governo de Montenegro, que tomou posse há menos de um ano, não tem apoio suficiente para vencer a votação de confiança, o que significa que provavelmente cairá e enfrentará novas eleições em maio. Uma eleição antecipada pode atrasar decisões importantes do governo, incluindo o plano de privatização da companhia aérea estatal TAP SA neste ano, além de investimentos em infraestrutura, como a construção de uma ferrovia de alta velocidade.
Eleições podem ocorrer em maio
Se o governo perder a votação de confiança, as eleições poderiam ocorrer já em 11 ou 18 de maio, segundo o presidente Marcelo Rebelo de Sousa. Embora o presidente português tenha um papel majoritariamente simbólico, ele tem autoridade para nomear o primeiro-ministro, dissolver o Parlamento e convocar eleições antecipadas.
O líder socialista Pedro Nuno Santos reafirmou que seu partido, o maior da oposição, votará contra o governo. Anteriormente, os socialistas permitiram que o orçamento de 2025 do governo minoritário fosse aprovado ao se absterem da votação em novembro. Além disso, ajudaram Montenegro a derrotar moções de censura. O primeiro-ministro já precisou fazer concessões em políticas importantes, como cortes de impostos corporativos, para obter apoio.
O líder do partido de extrema direita Chega, André Ventura, também afirmou que sua legenda, a terceira maior no Parlamento, não apoiará Montenegro na votação de confiança.
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Disputa eleitoral se intensifica
Montenegro, de 52 anos, lidera o Partido Social Democrata (PSD) desde 2022 e afirmou que tentará a reeleição como primeiro-ministro. A disputa deve ser acirrada contra o líder socialista Pedro Nuno Santos.
Uma pesquisa divulgada pela TVI no último domingo mostrou que a coalizão governista Aliança Democrática (AD) lidera com 34% das intenções de voto, seguida pelos socialistas com 29% e o Chega com 14%.
Os títulos da dívida portuguesa caíram nesta terça-feira, acompanhando o desempenho do mercado de títulos do governo da zona do euro. O rendimento dos títulos portugueses de 10 anos subiu dois pontos-base, para 3,38%, enquanto a dívida alemã de referência registrou um aumento de quatro pontos-base. Ao longo da última semana, a dívida portuguesa teve um desempenho inferior ao de seus pares devido à incerteza política.
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Por outro lado, o índice de ações PSI-20 da Bolsa de Lisboa subiu 0,4% às 9h12 (horário local).
Governo de Montenegro durou menos de um ano
A última eleição antecipada em Portugal ocorreu em março de 2024, quatro meses após ter sido convocada. Montenegro assumiu o cargo de primeiro-ministro em abril, após a vitória apertada da coalizão Aliança Democrática (AD) sobre os socialistas. O partido Chega se destacou ao quadruplicar seu número de assentos no Parlamento nessa eleição.
Montenegro sucedeu António Costa, ex-primeiro-ministro socialista que renunciou inesperadamente em novembro de 2023, após oito anos no cargo, em meio a uma investigação sobre suposto tráfico de influência. Costa, que nega qualquer irregularidade, atualmente ocupa a presidência do Conselho Europeu.
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Governos minoritários em Portugal costumam ter vida curta. Em 50 anos de democracia, apenas dois conseguiram completar um mandato de quatro anos. O PSD e o Partido Socialista têm sido os protagonistas da política portuguesa nessas cinco décadas.
Dívida e disciplina fiscal ainda são desafios
A disciplina fiscal tem sido um foco para os sucessivos governos portugueses desde a crise da dívida na zona do euro, quando Portugal precisou de um resgate financeiro. Em 2023, a relação dívida/PIB caiu para menos de 100% pela primeira vez desde 2009, mas ainda permanece elevada.
A S&P Global Ratings elevou a classificação da dívida portuguesa para A (antes era A-) em 28 de fevereiro, citando o processo de redução da dívida.
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O governo tem como meta alcançar um superávit orçamentário de 0,3% do PIB neste ano, impulsionado pelo crescimento econômico. O Banco de Portugal revisou para cima sua projeção de crescimento para 2025, estimando 2,2%.
Suspeitas de conflito de interesse aumentam pressão sobre Montenegro
Desde fevereiro, questões sobre uma empresa da família do primeiro-ministro aumentaram a pressão sobre seu governo. Montenegro afirmou, em 21 de fevereiro, que fundou a empresa Spinumviva quando ainda não estava ativo na política e classificou como “absurda” a ideia de que possuir uma participação na companhia configuraria um conflito de interesse.
O primeiro-ministro garantiu que nunca tomou decisões que representassem um conflito de interesse. Ele anunciou, no início de março, que a empresa agora pertence integralmente a seus filhos.
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A Solverde, operadora portuguesa de cassinos e hotéis, declarou ao jornal Expresso que paga €4.500 (cerca de R$ 26.500) por mês à Spinumviva desde julho de 2021, para serviços de compliance e proteção de dados.
Montenegro, que trabalhou como advogado antes da carreira política, afirmou que não participará de decisões que envolvam empresas às quais tenha alguma ligação. O governo pode ter que decidir sobre as concessões dos cassinos do Algarve e de Espinho, atualmente operados pela Solverde, cujos contratos expiram em 2025.
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