Governo da Argentina endurece com sindicato no dia de greve de pilotos

Gestão de Javier Milei quer rever benefícios exclusivos dos pilotos da Aerolíneas Argentinas; líder de sindicato deixará conselho da empresa e pilotos foram demitidos

Roberto de Lira

Avião da Aerolíneas Argentinas (Foto: Reprodução Instagram/@aerolineas_argentinas)
Avião da Aerolíneas Argentinas (Foto: Reprodução Instagram/@aerolineas_argentinas)

Publicidade

No mesmo dia em que pilotos e tripulantes da Aerolíneas Argentinas iniciam uma greve de 24 horas, que vai causar o cancelamento de mais de 300 voos e afetar o transporte de cerca de 37  mil pessoas entre a sexta-feira e o sábado, a direção da empresa e o governo da Argentina anunciaram sanções aos trabalhadores.

A gestão de Javier Milei já avisou que fará um estudo para cancelar ou, ao menos, regular com firmeza, a concessão de vários benefícios que os funcionários da companhia aérea têm direito. Além disso, já anunciou que vai retirar já na próxima semana o líder do sindicato dos pilotos (APLA), Pablo Miró, um declarado kirchnerista, do conselho de administração da empresa.

Outra medida é um decreto assinado pelo presidente que define a “essencialidade” do setor e que garantirá a prestação de serviços mínimos em futuros conflitos trabalhistas. Esta essencialidade procura evitar que situações como as atuais voltem a acontecer, garantindo que 50% dos voos continuem a operar mesmo durante uma greve.

LISTA GRATUITA

Ações Fora do Radar

Garanta seu acesso gratuito a lista mensal de ações que entregou retornos 5x superior ao Ibovespa

Em caso de descumprimento, serão aplicadas sanções severas, incluindo a demissão dos funcionários que não cumprirem as regras.

Outra medida anunciada hoje foi a demissão de três pilotos que se recusar a devolver dois  jatos EMB-190 (de fabricação da Embraer) de volta ao locador, obedecendo a uma determinação do sindicato, que criticou o “esvaziamento da empresa”.

Essa recusa acarreta uma multa diária de cerca de US$ 26 mil dólares por aeronave para a Aerolíneas Argentinas. Somadas a outras despesas e o tempo corrido, o prejuízo total da empresa foi calculado em US$ 800 mil.

Continua depois da publicidade

Privilégios

Uma das estratégias do governo é expor os benefícios desfrutados pelos pilotos da companhia estatal. O porta-voz presidencial Manuel Adorni detalhou nesta manhã alguns dos privilégios.

“Na semana passada, foi inaugurada a rota da Aerolíneas Argentinas para Punta Cana. Dez dos 18 assentos da classe executiva foram reservados para pilotos e suas famílias que, claro, viajavam gratuitamente apoiados pela empresa, ou seja, por todos os contribuintes, com todo o conforto, é claro”, ironizou.

“Não há razão para continuar a sustentar em um país empobrecido como o nosso esse tipo de privilégio para poucos”, acrescentou.

Continua depois da publicidade

De acordo com informações oficiais, os pilotos da Aerolíneas Argentinas recebem salários que variam de 3 milhões de pesos (cerca de R$ 17,4 mil) a 10 milhões de pesos (quase R$ 58 mil) por mês, dependendo da antiguidade e dos voos realizados.

Além dos salários, eles têm uma série de benefícios, como não serem obrigados a voar no seus aniversários e até bônus em dólar como complemento de salário, por boas práticas na pilotagem.