Furacão Helene entra na campanha eleitoral nos EUA

O ex-presidente Donald Trump visitou a Geórgia e a vice-presidente Kamala Harris cancelou compromissos para conversar com a agência de gestão de emergências; estados-pêndulo estão no rastro do furacão

Roberto de Lira

O candidato presidencial republicano Donald Trump cumprimenta homem durante visita a Valdosta, na Geórgia, após o furacão Helene 30/09/2024 (Foto: Elijah Nouvelage/Reuters)
O candidato presidencial republicano Donald Trump cumprimenta homem durante visita a Valdosta, na Geórgia, após o furacão Helene 30/09/2024 (Foto: Elijah Nouvelage/Reuters)

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O furacão Helene, que deixou um rastro de destruição que se estendeu por 500 milhas em vários estados do sudoeste dos Estados Unidos na semana passada, causando mais de 100 mortes, entrou também na campanha presidencial.

O ex-presidente Donald Trump, candidato republicano à Casa Branca, aportou na segunda-feira na Georgia, um dos estados mais atingidos pela catástrofe. Já a democrata Kamala Harris desmarcou vários compromissos de campanha na Costa Leste, voltando para Washington para consultas com a Agência Federal de Gestão de Emergências (Fema, na sigla em inglês).

Uma das explicações para essa atenção é que ao menos três dos estados-pêndulo, aqueles que tradicionalmente não têm uma preferência partidária definida e que são decisivos na disputa (Carolina do Norte, Geórgia e Flórida) estão entre os mais atingidos pelas enchentes causadas pela tempestade.

O site Politico destaca que Trump, diante de pilhas de tijolos arrancadas de uma loja de móveis em Valdosta, na Geórgia, declarou aos repórteres que o governador republicano Brian Kemp não havia conseguido telefonar para Joe Biden no domingo, sugerindo que o presidente estaria dormindo.

Mas o próprio governador confirmou ter conversado com Biden, que teria oferecido ajuda federal ao estado. A Casa Branca já havia emitido uma declaração de estado de emergência para a Geórgia, a pedido de Kemp, pouco antes de o furacão atingir a costa.

Biden afirmou que visitará o oeste da Carolina do Norte, o estado mais atingido pela tempestade no final desta semana e pediu que o Congresso interrompa o recesso para aprovar um projeto de lei de financiamento suplementar para reabastecer as contas de socorro a desastres.

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Kamala Harris, por sua vez, interrompeu uma viagem de campanha em Nevada na segunda-feira para voar de volta a Washington e disse que visitará a sede da Fema para obter atualizações sobre a resposta federal ao desastre.

Katrina e Andrew

Os estrategistas de campanha e os comentaristas políticos nos EUA ainda têm vivas as memórias dos prejuízos de popularidade trazidos pelo tratamento inadequado desse tipo de tragédia no passado.

Em 2005, George W. Bush sofreu com sua resposta lenta aos efeitos do furacão Katrina, que matou mais de 1.000 pessoas em Nova Orleans e arredores da Louisiana. O mesmo problema foi enfrentado por seu pai, em 1992, quando da passagem do furacão Andrew, na Flórida.

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Para especialistas, em corridas que podem ser decididas por alguns milhares, ou mesmo algumas centenas de votos, qualquer resposta que possa ser percebida como indiferente, ou incompetente pode ser devastadora.

“O fardo está sobre os ombros do presidente Biden, porque sua reputação agora com muitos eleitores é que ele está apenas marginalmente à altura do trabalho. Qualquer coisa que pareça um pouco lenta, mesmo que não seja, terá algumas consequências políticas para ele e para aqueles associados a ele”, comentou ao site The Hill Stephen Smith, professor de ciência política da Universidade de Washington, em St. Louis.

Ou efeito secundário do furacão é a forma como o deslocamento de milhares de eleitores afetará a participação eleitoral. No rastro da tempestade há tanto áreas dominadas pelos republicanos – oeste da Flórida e áreas rurais da Carolina do Norte – como por democratas – como nas cidades de Asheville e Boone.

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Christopher Dean, consultor político da Carolina do Norte, observou que a votação antecipada presencial em seu estado começa em 17 de outubro. “É tudo uma questão de como isso afetará o comparecimento”, disse.