Publicidade
Donald Trump foi eleito novamente para a presidência dos Estados Unidos com uma promessa clara: endurecer a política de imigração. Em seu discurso de vitória na Flórida, Trump afirmou que “não vai descansar” até devolver aos americanos uma “era de ouro”, que, segundo ele, passa pelo fechamento das fronteiras e por uma ampla política de deportação em massa. “Se a coisa piorar, vamos ter que fechar nossas fronteiras e impedir que esse pessoal continue a entrar”, disse o novo presidente eleito dos EUA.
Apoiado pelo futuro vice-presidente JD Vance e por aliados no Partido Republicano, que retomaram o controle do Senado, Trump reafirmou seu compromisso com a agenda “América em primeiro lugar”, e defendeu que seu “mandato poderoso” lhe dá carta branca para adotar ações drásticas contra a imigração ilegal.
Entenda a seguir os principais pontos das propostas de Trump para a questão migratória.
Continua depois da publicidade
Leia também:
Uma nova fase de deportações em massa
O novo governo de Trump planeja mobilizar diversas agências para implementar a promessa de deportar milhões de imigrantes, incluindo o uso de militares e diplomatas para reforçar essa agenda. O vice JD Vance estima que a operação pode remover até 1 milhão de pessoas por ano, visando estabelecer um recorde de deportações. Segundo aliados de Trump, ele conta com a experiência de seu primeiro mandato para pressionar estados e cidades que resistem à cooperação com a política federal.
Para cumprir essa meta ambiciosa, o novo governo pretende aumentar a alocação de recursos, expandir centros de detenção e contratar mais juízes de imigração. Apesar de Trump e seus apoiadores defendam que essa política trará segurança aos americanos, críticos, como o Conselho Americano de Imigração, alertam para o custo social e econômico dessa abordagem, calculado em cerca de US$ 968 bilhões para deportar todos os imigrantes ilegais ao longo de uma década.
Continua depois da publicidade
Leia também:
Leis antigas e táticas militares para garantir deportações
Trump planeja usar a “Lei dos Inimigos Estrangeiros”, um estatuto de 1798 que permite ações rígidas contra estrangeiros em situações de guerra, para facilitar as deportações de supostos membros de gangues. Essa legislação foi aplicada pela última vez na Segunda Guerra Mundial para justificar o internamento de pessoas de ascendência japonesa, alemã e italiana. O uso dessa lei pode provocar batalhas judiciais, com grupos de direitos civis como a União Americana das Liberdades Civis (ACLU) já se preparando para contestar a constitucionalidade da medida.
Stephen Miller, arquiteto da política de imigração do primeiro mandato de Trump, sugeriu que tropas da Guarda Nacional podem ser enviadas para apoiar as deportações em estados que se recusarem a cooperar, elevando a tensão entre estados e o governo federal.
Continua depois da publicidade
Leia também:
Alavancas diplomáticas e ‘drible’ em autoridades
Desta vez, Trump também está determinado a superar obstáculos no Departamento de Estado, um ponto de resistência enfrentado em seu primeiro mandato. O ex-embaixador Christopher Landau expressou frustração com a falta de comprometimento dos diplomatas com as políticas de imigração de Trump, indicando que nomeações agressivas serão prioritárias para garantir a obediência da agência. O governo planeja utilizar o financiamento federal como pressão sobre estados e cidades “santuários” que rejeitam colaborar nas operações de deportação.
Para implementar a política, será fundamental garantir que países de origem aceitem de volta seus cidadãos deportados. Esse foi um desafio significativo para Trump no primeiro mandato, especialmente em relação ao México e a países da América Central. Agora, ele e seus aliados prometem adotar uma postura mais firme com esses governos.
Continua depois da publicidade
Leia também:
Efeitos no sistema judicial
Organizações como a ACLU estão prontas para se opor ao pacote anti-imigração de Trump, alertando que as políticas propostas podem levar à separação de famílias e à destruição de comunidades de imigrantes. “Precisamos estar coordenados e com mais recursos”, afirmou Lee Gelernt, advogado da ACLU que liderou batalhas legais contra o governo Trump no passado.
Os aliados de Trump reconhecem que a operação dependerá de um aumento substancial do orçamento. Tom Homan, ex-diretor do ICE e cotado para integrar o novo governo, afirma que a escala de deportações “depende do orçamento disponível”. A intenção de Trump em alocar mais recursos ao ICE e ampliar a atuação da unidade de Investigação de Segurança Interna (HSI) para priorizar a fiscalização da imigração pode redirecionar o foco dessa agência, que tem evitado se envolver diretamente em operações de deportação para manter a confiança das comunidades.
Continua depois da publicidade
(Com Reuters)