Fila de navios cresce em portos dos EUA no 3º dia de greve de portuários

Pelo menos 45 navios de contêineres que não puderam descarregar ancoraram fora dos portos da Costa Leste e do Golfo, em comparação com apenas três antes do início da greve no domingo

Reuters

Porto de Long Beach, nos EUA (Foto: Mike Blake/Reuters)
Porto de Long Beach, nos EUA (Foto: Mike Blake/Reuters)

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Nova York (Reuters) – Longas filas de navios porta-contêineres eram vistas nesta quinta-feira (3) nos principais portos dos Estados Unidos, no terceiro dia da maior greve de estivadores em quase meio século no país. A paralisação impede o descarregamento e embarque de produtos que vão desde bananas até peças automotivas.

Nenhuma sessão de negociação estava agendada para esta quinta-feira entre a International Longshoremen’s Association (ILA) e os empregadores, mas os proprietários dos portos, sob pressão da Casa Branca para aumentar sua oferta de reajuste salarial para os trabalhadores, sinalizaram na quarta-feira que estavam abertos a novas discussões com os representantes sindicais.

Pelo menos 45 navios de contêineres que não puderam descarregar ancoraram fora dos portos da Costa Leste e da Costa do Golfo dos EUA na quarta-feira, em comparação com apenas três antes do início da greve no domingo, de acordo com a Everstream Analytics.

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“Muitos parecem ter decidido esperar, possivelmente na esperança de uma solução rápida para a greve, em vez de tomar a decisão proativa de desviar”, disse Jena Santoro, da Everstream. Ela disse que o acúmulo de navios pode dobrar até o final da semana e que o congestionamento resultante pode levar semanas, se não meses, para ser resolvido.

Uma alternativa seria navegar para os portos da Costa Oeste, do outro lado do país, provavelmente usando o Canal do Panamá, uma viagem de milhares de quilômetros que aumenta os custos e acrescenta semanas aos prazos de entrega.

A greve envolve 45.000 trabalhadores portuários do Maine ao Texas. É a primeira grande paralisação da categoria desde 1977 e foi iniciada depois que as negociações para um novo contrato de seis anos com o grupo patronal United States Maritime Alliance (USMX) fracassaram.

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A ILA está buscando um grande reajuste salarial, além de compromissos das empresas de interrupção de projetos de automação portuária que, segundo a entidade, acabarão com os empregos nos portos. A USMX ofereceu um aumento salarial de 50%, mas a ILA disse que isso era insuficiente para atender às suas preocupações.

“Para chegarmos a um acordo, será necessário negociarmos”, disse o USMX no final da quarta-feira. “Não podemos concordar com condições prévias para voltar à negociação, mas continuamos comprometidos em negociar de boa fé para atender às demandas da ILA e as preocupações do USMX”, disse.

O governo do presidente norte-americano, Joe Biden, ficou do lado do sindicato, pressionando os empregadores portuários a aumentarem a oferta de reajuste e citando lucros abundantes do setor de transporte marítimo desde a pandemia.

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A greve afeta 36 portos – incluindo Nova York, Baltimore e Houston – que movimentam uma série de mercadorias em contêineres.

Na quarta-feira, a Federação Nacional do Varejo, juntamente com outras 272 associações comerciais norte-americanas, pediu ao governo Biden para usar sua autoridade federal para interromper a greve, dizendo que a paralisação pode ter “consequências devastadoras” para a economia. O governo norte-americano tem dito repetidamente que não usará os poderes federais para desmobilizar a greve.