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A validação dos resultados oficiais da eleição presidencial da Venezuela feita na quinta-feira (22) pelo Tribunal Superior de Justiça do país, apontando a reeleição de Nicolás Maduro provocou forte reação diplomática negativa. Palavras fortes como “fraude”, “farsa” e “inaceitável” foram usadas por chefes de estado e ex-presidentes.
O alto representante da União Europeia (UE) para os Negócios Estrangeiros e a Política de Segurança, Josep Borrell, declarou nesta sexta-feira que a UE não reconhecerá Nicolás Maduro como presidente da Venezuela até que as atas eleitorais sejam verificadas.
“Enquanto não virmos um resultado que possa ser verificado, não vamos reconhecer”, reforçou. Borrell insistiu que “todos devem poder verificar qual é o resultado de uma eleição. Entretanto, isso ainda não aconteceu [na Venezuela] e praticamente perdemos a esperança que aconteça”, reconheceu.
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Os governos do Chile, Uruguai, Paraguai e Guatemala foram além da negativa em aceitar o veredicto da Corte Suprema da Venezuela e qualificaram o anúncio como “fraude”.
O presidente do Uruguai, Luis Lacalle Pou, disse que a decisão da Corte Suprema “confirma o que a comunidade internacional vem denunciando: fraude. Uma ditadura que fecha todas as portas a uma vida institucional e democrática do seu povo. Não devemos nos calar ou cessar em defesa da causa venezuelana”, postou o presidente nas redes sociais.
O presidente do Chile, Gabriel Boric, escreveu no X que a decisão acaba consolidando a fraude. “Hoje o TSJ da Venezuela termina de consolidar a fraude. O regime de Maduro obviamente acolhe sua sentença que será marcada pela infâmia. Não há dúvida de que estamos diante de uma ditadura que falsifica eleições, reprime aqueles que pensam diferente e é indiferente ao maior exílio do mundo, apenas comparável ao da Síria, como resultado de uma guerra”, comparou.
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O presidente do Paraguai, Santiago Peña, considerou “inaceitável” a decisão do TSJ sem uma revisão “exaustiva e independente” dos votos e lamentou “profundamente a decisão do Governo da Venezuela de avançar na ratificação de resultados eleitorais que não refletem a vontade do povo venezuelano”.
O presidente da Guatemala, Bernardo Arévalo de León, insistiu que seu país não reconhece a “fraude” eleitoral perpetrada pelo regime de Nicolás Maduro. “A crise na Venezuela é indiscutível, e da Guatemala já dissemos que suas recentes eleições são apenas uma demonstração disso: o regime de Maduro não é democrático e não reconhecemos sua fraude”, disse em mensagem na mesma rede social.
Ex-presidentes da Colômbia
Por enquanto, a Colômbia não se manifestou oficialmente sobre o anúncio, mas ex-presidentes deixaram clara sua posição contrária.
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O ex-chefe da nação Juan Manuel Santos, Prêmio Nobel da Paz em 2016, disse que a decisão do TSJ era uma “farsa”. “A decisão da Suprema Corte da Venezuela é uma farsa. A Colômbia não pode, nem deve endossá-la, como dissemos ontem ao ministro das Relações Exteriores (Luis Gilberto) Murillo na Comissão Consultiva de Relações Exteriores”, disse Santos, que governou o país andino entre 2010 e 2018.
Já o ex-presidente colombiano Iván Duque, que liderou um “cerco diplomático” contra o governo de Maduro entre 2018 e 2022 e rompeu relações com o país vizinho, descreveu a decisão do TSJ como um golpe para o povo venezuelano e para a expressão soberana do país.
“O Conselho Nacional Eleitoral estava a serviço dele [Maduro], roubando as eleições”, afirmou, alertando que vários países simpáticos à ditadura vão terminar por reconhecê-lo como o presidente legítimo.
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Nicarágua e Cuba comemoram
Enquanto vários países reagiram com indignação e espanto à decisão judicial, aliados de Maduro comemoraram.
O presidente da Nicarágua, Daniel Ortega, parabenizou seu aliado e disse que foi um “dia histórico na Venezuela”, porque “foi confirmada a vitória do povo de (Simón) Bolívar, do povo de (Hugo) Chávez, do povo de Nicolás Maduro”.
Já ministro das Relações Exteriores de Cuba, Bruno Rodríguez, chamou a decisão da Suprema Corte de “vitória” e disse que “as decisões das instituições venezuelanas devem ser respeitadas e a interferência na Venezuela deve cessar”.