Extrema-direita da França mostra posição dura contra Rússia e limites à Ucrânia

Jordan Bardella, líder de extrema-direita francês, está em campanha eleitoral para promover seu partido nas eleições para o parlamento

Reuters

Líder de extrema-direita francês Jordan Bardella 
24/06/2024
REUTERS/Gonzalo Fuentes
Líder de extrema-direita francês Jordan Bardella 24/06/2024 REUTERS/Gonzalo Fuentes

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O líder de extrema-direita francês Jordan Bardella procurou nesta segunda-feira (24) tranquilizar os aliados europeus sobre seu compromisso com a Ucrânia e sua disposição de enfrentar a Rússia caso se torne primeiro-ministro, mas deixou claro onde o apoio de seu governo a Kiev iria parar.

O partido Reunião Nacional (RN), de Bardella, que os oponentes acusam de ser muito brando com a Rússia, está à caminho de conquistar o maior número de votos na eleição parlamentar que ocorrerá em 30 de junho e 7 de julho e poderá formar o próximo governo da França.

Isso tem levantado preocupações em Kiev e em outras capitais europeias de que o apoio da França à Ucrânia – firme sob o comando do presidente Emmanuel Macron – poderia enfraquecer devido aos sinais conflitantes que o RN vem enviando desde que a Rússia invadiu a Ucrânia em 2022.

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Nos últimos meses, o governo de Macron tem enviado mísseis de longo alcance que podem alcançar o território russo, prometido aviões de guerra e pedido que os países europeus enviem militares à Ucrânia para treinar suas tropas.

“Não pretendo questionar os compromissos assumidos pela França no cenário internacional e prejudicar nossa credibilidade em um momento de guerra às portas da Europa”, disse Bardella.

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Mas, ao contrário de Macron, que tem sido ambíguo sobre até onde Paris poderia ir em seu compromisso com a Ucrânia, Bardella disse que há uma linha que seu governo não cruzaria.

“Embora eu seja a favor de continuar apoiando a Ucrânia com logística e equipamentos de defesa, minha linha vermelha continua sendo os mísseis de longo alcance ou qualquer equipamento militar que possa levar a uma escalada, ou seja, qualquer coisa que possa atingir diretamente as cidades russas”, disse ele.

O envio de tropas francesas para a Ucrânia também estaria fora de discussão, disse ele.
Embora Macron permaneça no comando da defesa e da política externa mesmo com o RN no poder, ele precisaria do apoio do Parlamento para financiar qualquer ajuda à Ucrânia no próximo Orçamento.

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O RN também poderia bloquear ou atrasar qualquer transferência futura de armas, pois elas precisam da aprovação do primeiro-ministro e de ministros relevantes.

Como parte de seu pacto de garantia de segurança de 10 anos com a Ucrânia, acordado em março, a França disse que fornecerá até 3 bilhões de euros em ajuda militar à Ucrânia em 2024, mas esse pacto ainda não foi ratificado pelo Parlamento.

Na semana passada, Bardella voltou atrás em sua promessa de deixar o comando militar integrado da Otan, dizendo que isso é impensável enquanto a Europa estiver em guerra.

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A posição de seu partido em relação à Rússia está sob análise porque sua provável candidata na próxima eleição presidencial, Marine Le Pen, já expressou no passado sua admiração pelo presidente russo, Vladimir Putin.

O governo russo há muito tempo corteja líderes da extrema-direita da Europa e está interessada em explorar qualquer sinal de divisão no continente que possa enfraquecer o apoio à Ucrânia.

Bardella, no entanto, reconheceu nesta segunda-feira que a Rússia é uma ameaça. “Vejo a Rússia como uma ameaça multidimensional tanto para a França quanto para a Europa”, disse Bardella.

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“A Rússia está desafiando os interesses franceses hoje… Estarei extremamente atento a qualquer tentativa de interferência por parte da Rússia, mas também por parte de quaisquer outros Estados ou potências do mundo.”