Extrema-direita da Áustria quer formar novo governo, apesar da recusa de adversários

O FPO terminou cerca de 2,5 pontos à frente do conservador Partido Popular (OVP), do chanceler Karl Nehammer, com cerca de 29% dos votos; nomeação de um premiê, no entanto, depende de uma difícil coalizão

Reuters

O líder do Partido da Liberdade, Herbert Kickl, participa de seu comício final de campanha em Viena, Áustria - 27/09/2024 (Foto: Leonhard Foeger/Reuters)
O líder do Partido da Liberdade, Herbert Kickl, participa de seu comício final de campanha em Viena, Áustria - 27/09/2024 (Foto: Leonhard Foeger/Reuters)

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Viena (Reuters) – O Partido da Liberdade (FPO), de extrema-direita, tentará encontrar um caminho para assumir o governo da Áustria nesta segunda-feira, após a primeira vitória de sua história nas eleições parlamentares deixar o grupo anti-establishment precisando de um parceiro para formar uma coalizão.

O triunfo do FPO, um partido eurocético e favorável à Rússia, no domingo, foi outro marco na recente ascensão da extrema-direita europeia. Mas o partido sofreu um duro choque de realidade imediatamente.

Os líderes dos outros partidos no Parlamento rejeitaram suas propostas de formar uma coalizão diante do líder do FPO, Herbert Kickl, em um estúdio de televisão após a divulgação dos resultados.

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O FPO terminou cerca de 2,5 pontos percentuais à frente do conservador Partido Popular (OVP), do chanceler Karl Nehammer, com cerca de 29% dos votos — seu melhor resultado em todos os tempos — e Kickl acusou seus rivais de se oporem à vontade do povo.

“Amanhã (hoje) haverá uma segunda-feira azul e então começaremos a transformar esses 29% em uma realidade política neste país”, disse Kickl a apoiadores na noite de domingo, brincando com o fato de o azul ser a cor associada ao seu partido.

Kickl, uma figura provocadora e polarizadora, é aliado do primeiro-ministro húngaro, Viktor Orbán. Ele ofereceu-se para negociar com todos os outros partidos na Áustria. A vitória inesperadamente clara do FPO corre o risco de ser vazia se ele não conseguir encontrar um parceiro.

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O presidente austríaco, Alexander Van der Bellen, um ex-líder dos Verdes que supervisiona a formação de governos, pediu que todos os partidos mantivessem conversações e sugeriu que o processo poderia ser prolongado.

A vitória de Kickl animou os partidos de extrema-direita em toda a Europa, onde ela obteve ganhos em países como Holanda, França e Alemanha. Esse apoio crescente pode aumentar o risco de divisões dentro da União Europeia em áreas políticas importantes, como a defesa da Ucrânia contra a Rússia.

França e Holanda

No entanto, essas vitórias não foram garantia de poder para a extrema-direita, uma vez que outros partidos rejeitaram formar coalizões.

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O Reunião Nacional, da França, venceu o primeiro turno das eleições em junho, mas ficou frustrado quando partidos mais moderados retiraram candidatos no segundo turno, ajudando a esquerda a conquistar o maior número de cadeiras. No fim, a esquerda também perdeu quando o presidente Emmanuel Macron nomeou um primeiro-ministro de centro-direita.

Na Holanda, o nacionalista Geert Wilders teve que desistir de suas esperanças de ser primeiro-ministro depois de ficar em primeiro lugar em uma eleição, quando os rivais se recusaram a apoiar um governo liderado por ele.

“Orbanização”

Kickl diz que quer ser um “Volkskanzler”, termo que os nazistas usavam para Adolf Hitler, embora outros líderes também o tenham reivindicado.

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Kickl, de 55 anos, adotou teorias da conspiração, alegando, por exemplo, que o medicamento contra parasitas ivermectina é eficaz contra a Covid-19, como fez o ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump. Ele se opõe à ajuda à Ucrânia e quer que as sanções contra a Rússia sejam retiradas, argumentando que elas prejudicam mais a Áustria do que Moscou.

Apoiadores afirmam que as políticas “Áustria em Primeiro Lugar” do FPO restringirão a imigração ilegal e impulsionarão a economia. Críticos temem que isso possa ser o anúncio de um Estado mais autoritário.

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